Israel: Hamas ameaça “executar mais reféns” caso a guerra recomece em Gaza

O grupo palestiniano Hamas alertou esta sexta-feira que qualquer nova ofensiva por parte de Israel colocará em risco a vida dos reféns que permanecem sob seu controlo em Gaza. A advertência surge num momento de tensão crescente, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter emitido um ultimato ao grupo para libertar os reféns.

A ameaça do Hamas lança novas dúvidas sobre a possibilidade de prolongar o cessar-fogo, que permitiu a libertação de alguns reféns israelitas em troca de prisioneiros palestinianos. O governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, tem mantido a posição de que não aceitará um cessar-fogo permanente enquanto todos os reféns não forem libertados.

Num vídeo transmitido pelo canal Telegram das Brigadas Al-Qassam, o porta-voz do grupo armado, Abu Obaida, declarou: “A liderança inimiga continua a tentar evadir-se do acordo, procurando uma cobertura americana para continuar a sua agressão contra o nosso povo”.

O mesmo porta-voz acrescentou: “Qualquer escalada por parte do inimigo resultará na execução de mais reféns”, sem especificar se essas execuções seriam realizadas diretamente pelo Hamas. No passado, o grupo já culpou bombardeamentos israelitas pela morte de reféns sob sua custódia.

Posição dos Estados Unidos
A administração de Donald Trump tem mantido negociações diretas com o Hamas para garantir a libertação de reféns americanos e israelitas. “Estamos a ter discussões com o Hamas. Estamos a ajudar Israel nessas negociações, porque estamos a falar de reféns israelitas e não estamos a dar nada ao Hamas, nem dinheiro”, afirmou o presidente norte-americano.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, reforçou a pressão sobre o grupo palestiniano: “O presidente foi muito claro. É tempo de o Hamas agir de forma responsável e razoável, coisa que não tem feito até agora. Eden Alexander é muito importante para nós, como todos os reféns, mas Eden é um cidadão americano e está ferido, por isso é a nossa prioridade”.

O conflito foi desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 israelitas e no sequestro de aproximadamente 250 pessoas, segundo dados do governo de Israel. Em resposta, a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza já causou pelo menos 48.000 mortos, de acordo com informações fornecidas por autoridades palestinianas citadas pela Associated Press.

Entretanto, um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos foi interrompido em março, sem que tenha sido alcançada uma solução duradoura para o conflito. No último domingo, Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que gerou fortes críticas de especialistas da ONU e de vários países árabes.

O bloqueio de ajuda humanitária e o reinício da violência foram condenados por peritos em direitos humanos das Nações Unidas, que emitiram um comunicado afirmando que “o chamado acordo de cessar-fogo em três fases deveria ter conduzido a uma cessação permanente das hostilidades e à libertação de todos os palestinianos e israelitas detidos ilegalmente como um requisito básico para uma paz sustentável”. No entanto, segundo os peritos, “o que se viu foi um aumento da violência e ainda mais destruição da vida palestiniana. Isto é ilegal e absolutamente desumano”.