
Israel aprova plano para ocupação total da Faixa de Gaza após colapso de tréguas com o Hamas, indicam fontes governamentais
Israel prepara-se para assumir o controlo total da Faixa de Gaza, segundo revelaram vários meios de comunicação internacionais esta segunda-feira, citando fontes oficiais sob anonimato. O plano, aprovado nas primeiras horas do dia pelo gabinete de segurança do Governo israelita, prevê a conquista e ocupação do enclave palestiniano por um período indeterminado.
De acordo com a Associated Press (AP), que cita fontes oficiais israelitas, a proposta foi votada e aprovada ao mais alto nível político e militar. A ofensiva, contudo, só deverá ser iniciada após a visita do presidente norte-americano Donald Trump à região, agendada para a próxima semana.
O plano militar terá sido delineado pelo chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), o tenente-general Eyal Zamir, e consiste na “conquista de Gaza e manutenção dos territórios”, como relata o Times of Israel. Já à Agence France-Presse (AFP), uma fonte confirmou que se trata da “conquista” da Faixa de Gaza, onde Israel já controla aproximadamente 50% do território.
As autoridades israelitas justificam esta escalada com o objetivo de alcançar dois principais desígnios: destruir por completo o grupo militante Hamas e assegurar a libertação dos 59 reféns israelitas que ainda permanecem detidos na Faixa de Gaza desde os ataques de 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas e no rapto de 251 civis e militares.
“Estamos a aumentar a pressão com o objetivo de trazer o nosso povo de volta a casa e derrotar o Hamas. Vamos operar em áreas adicionais e destruir toda a infraestrutura terrorista — acima e abaixo do solo”, declarou o tenente-general Zamir no domingo, acrescentando que milhares de reservistas estão já a ser mobilizados para reforçar e expandir a operação.
O plano inclui bombardeamentos intensivos sobre posições do Hamas, a deslocação forçada da população palestiniana para o sul do enclave e o bloqueio do acesso do grupo armado à ajuda humanitária. As operações deverão começar numa área não especificada de Gaza e expandir-se progressivamente a todo o território.
O fim da trégua e o endurecimento do bloqueio
Este desenvolvimento surge na sequência do colapso da última trégua temporária entre Israel e o Hamas, ocorrida em meados de março. Desde então, Israel impôs um bloqueio total sobre Gaza, impedindo a entrada de alimentos, água potável, combustível e outro tipo de ajuda humanitária. Paralelamente, tem conduzido uma campanha aérea devastadora que resultou em centenas de mortes entre a população civil.
A par do avanço militar, o Governo israelita também assumiu o controlo absoluto da ajuda humanitária destinada à população palestiniana. “Estamos finalmente a ocupar a Faixa de Gaza. Vamos deixar de ter medo da palavra ‘ocupação’”, declarou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, ao jornalista Amit Segal, da Channel 12. “Estamos a separar o Hamas da população, a limpar a Faixa de Gaza, a trazer os reféns de volta — e a derrotar o Hamas. Qualquer recuo trará um novo 7 de outubro. Só depois de ocuparmos e permanecermos [em Gaza] é que poderemos falar de soberania. Mas não exigi que isso fizesse parte dos objetivos da guerra. Primeiro, vamos eliminar o Hamas.”
Apesar da intensidade da operação em preparação, permanece incerto se a estratégia resultará na libertação dos reféns ainda detidos. Até ao momento, as tentativas de negociação com o Hamas não surtiram efeito. A opinião entre especialistas diverge quanto à eficácia de uma ocupação prolongada para atingir os objetivos declarados por Israel.
Em fevereiro, o general na reserva Amir Avivi, presidente do Israel Defense and Security Forum em Telavive, disse à Newsweek que um ataque total e sistemático teria capacidade para derrotar rapidamente o Hamas. “Estou bastante confiante de que, se as IDF lançarem uma ofensiva em larga escala contra Gaza, o Hamas será rapidamente sobrepujado”, afirmou.
A intensificação da campanha militar israelita, bem como a possibilidade de uma ocupação permanente do território, geram fortes preocupações entre observadores internacionais e organizações humanitárias. A comunidade internacional aguarda agora pela visita de Donald Trump à região, que poderá marcar o ponto de viragem na execução do plano.