Irão admite preparar-se para guerra de dois anos e quer que os EUA “paguem diretamente” pelo conflito

O Irão está a preparar-se para um conflito prolongado, que poderá durar até dois anos, e quer forçar os Estados Unidos a envolverem-se de forma direta na guerra em curso no Médio Oriente. A posição foi avançada esta segunda-feira por um alto funcionário iraniano à CNN Internacional, que revelou que “o moral está em alta” entre os dirigentes e a população do país, na sequência da recente escalada de hostilidades com os Estados Unidos e Israel.

Segundo a mesma fonte, Teerão pretende que os Estados Unidos “paguem diretamente pela guerra, em vez de ficarem atrás de Israel e prosseguirem o seu projeto sem terem de pagar os custos”. Esta declaração surge no mesmo dia em que se soube que o Irão lançou um ataque com mísseis contra a base aérea de Al Udeid, no Qatar — a maior base militar norte-americana no Médio Oriente — onde estão estacionados cerca de 10 mil soldados.

O alto responsável iraniano acrescentou que os apelos da população para atacar Israel “não têm precedentes” e que essa pressão popular constitui um “elemento para intensificar os planos de batalha do Irão”. Na sua avaliação, os pedidos internacionais para uma trégua temporária na guerra são vistos como “um engano para avaliar a preparação do Irão para continuar a guerra”.

A tensão aumentou ainda mais após a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de ordenar no domingo ataques contra três instalações nucleares iranianas, o que gerou uma forte reação em Teerão. A capital iraniana foi palco, na noite de domingo, de um protesto massivo contra os Estados Unidos e Israel, com milhares de manifestantes a exigirem retaliação imediata.

Este episódio insere-se num contexto de conflito aberto que já dura há 11 dias, desde que Israel lançou um ataque surpresa contra o Irão. Desde então, os dois países têm trocado ataques diários, que provocaram já a morte de centenas de pessoas. Segundo o alto funcionário ouvido pela CNN, Teerão está preparado para sustentar este confronto armado por um período prolongado, estimando que o conflito possa prolongar-se até dois anos.