Investimento em imobiliário deverá atingir 3 mil milhões de euros em 2021

A consultora CBRE prevê que o investimento imobiliário nacional ascenda a três mil milhões de euros em 2021, potenciado pelo volume de oferta, pelo interesse que investidores internacionais mantém em Portugal e pela evolução da capacidade dos investidores locais.

Esta previsão foi avançada hoje, num encontro digital em que a consultora apresentou as tendências do mercado nas áreas de investimento, escritórios, retalho, logística, turismo e habitação.

O volume de investimento estimado para 2021 reflete o ‘pipeline’ de oferta “robusto” que ronda os dois mil milhões de euros de imóveis em comercialização, a que se soma o facto de o mercado português continuar “no radar” dos investidores internacionais.

Além disso, assinala a CBRE, a nível nacional preveem-se “evoluções muito positivas na capacidade de investimento” dos investidores locais.

Assim, “após registar o terceiro maior valor de investimento de sempre em 2020, há expectativas de que o mercado alcance novamente o patamar dos três mil milhões de euros de volume de investimento imobiliário em 2021”, refere a consultora em comunicado.

Para Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE Portugal, apesar do impacto da pandemia, “o interesse pelo mercado imobiliário permanece elevado” com Portugal a continuar a “evidenciar fortes fundamentos imobiliários, nomeadamente um mercado ocupacional interessante e uma ainda reduzida disponibilidade de produto”, estando “bem posicionado para uma rápida retoma assim que os países começarem a sair desta crise sanitária”.

As previsões apontam, contudo, para ritmos de recuperação diferenciados nos vários segmentos de mercado entre diferentes utilizações dentro de cada segmento, com a CBRE a antecipar que o da habitação se vai manter resiliente devido à escassa oferta de produto novo, ainda que admita que “se possa assistir a uma ligeira queda nos preços, a qual deverá ser mais acentuada no produto de segunda mão”.

Neste contexto, considera que a manutenção das moratórias bancárias, enquanto não se iniciar uma recuperação consistente da atividade económica, “é da maior relevância para a estabilidade do setor” e, embora afirme que o atual contexto dificulta as previsões, aponta para “níveis de transação idênticos aos de 2020, isto é, cerca de 165 mil casas vendidas”.

Ainda ao nível da habitação, antevê que os segmentos residenciais mais dependentes do mercado estrangeiro devam continuar a ser “penalizados”, por causa das restrições à mobilidade e à “incerteza” pelo fim dos vistos ‘gold’.

Relativamente ao mercado de escritórios, a CBRE considera que se vai manter a dinâmica, mas antecipa que a nova realidade empresarial obrigue a redesenhar os espaços de trabalho e prevê que o valor das rendas ‘prime’ em Lisboa e no Porto se deverão manter, ainda que a renda média possa baixar em função da descida do valor do produto secundário.

“A pandemia levou à adoção do teletrabalho por parte das empresas, mas ainda assim não se antecipa uma redução na área de escritório. A nova realidade empresarial pós-covid deverá compreender um ambiente de trabalho híbrido, prevendo-se que as empresas convertam parte da área afeta aos postos de trabalho convencionais em espaços de estímulo à criatividade, integrem serviços e atividades destinadas aos colaboradores, desmaterializem a sede corporativa em mais do que uma localização, mais perto dos locais de residência dos colaboradores”, refere o mesmo comunicado.

No turismo, prevê que o setor apenas conseguira atingir os níveis registados em 2019 em 2023 ou 2024 e refere que o ritmo de recuperação será diferente consoante as regiões, com o Algarve a registar uma recuperação mais rápida do que Lisboa e o Porto, por estarem mais posicionadas para o segmento de negócios e eventos.

O desempenho dos hotéis irá também, tal como se observou em 2020, ser melhor em zonas de mais reduzida densidade populacional como o Centro ou o Alentejo.

Também no retalho a expectativa é que o ritmo de recuperação seja distinto entre os diversos formatos, com o comércio de rua das zonas ‘prime’ a continuar a ser “fortemente impactado” enquanto o retorno de turismo não se materializar.

Na logística, a CBRE assinala que a disponibilidade vai continuar reduzida pelo que, perante a procura bastante elevada que se regista, deverá resultar num nível de absorção “recorde”.

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