Investimento adiado. 70% das empresas portuguesas enfrentam crise com redução de custos

Mais de 60% das empresas portuguesas prevê que o seu volume de vendas diminua este ano e mais de 40% não acredita atingir os valores de 2019 antes de 2022, segundo apurou o estudo da Expense Reduction Analysts, consultora especializada em otimização de custos e gestão de compras, divulgado esta segunda-feira.

O relatório, resultado de um inquérito conduzido durante o mês de outubro, analisa as expectativas e preocupações dos empresários portugueses e as medidas adotadas, na gestão de custos e de tesouraria, desde o início da pandemia em Portugal.

Para assegurar a sustentabilidade em tempos incertos, mais de 70% das empresas tem vindo a implementar medidas de redução de custos. Contudo, estas medidas não são necessariamente sinónimo de cortes no pessoal já que apenas 30% se viu forçada a diminuir o número de colaboradores ou está a considerar fazê-lo.

Na rubrica dos custos indiretos, aqueles que suscitam maior preocupação, pela sua volatilidade às circunstâncias, são a logística (cerca de 50%) e a energia (cerca de 35%).

O estudo mostra ainda que a tesouraria, determinante para a saúde das empresas, sobretudo as de menor dimensão, conseguiu manter-se estável para a maioria dos inquiridos, que observou o mesmo ritmo de pagamentos por parte dos seus clientes ao longo do tempo. No entanto, para salvaguardar a liquidez, aproximadamente 40% das empresas adiou ou vai adiar novos investimentos até a incerteza se começar a dissipar.

Em análise aos resultados obtidos, João Costa, country manager da Expense Reduction Analysts, destaca, desde logo, que “ao longo dos anos, as empresas têm seguido diferentes abordagens de ‘economizar para, com as duas mais recentes e populares a serem ‘economizar para crescer’ e ‘economizar para transformar’. Como resultado da conjuntura atual, houve uma mudança drástica para uma postura de ‘Economizar para sobreviver’.

“Para navegar nestes tempos adversos, é fundamental que os CFOs ponham em marcha estratégias que lhes permitam poupar nos custos e proteger a tesouraria, evitando que os negócios se deteriorem ainda mais. O caminho para a recuperação passa por aqui””, reforçou ainda.

Por último, após o mundo do trabalho ter sofrido uma das maiores transformações das últimas décadas, o estudo evidencia que 76% das empresas acredita que a videoconferência veio para ficar, assim como o teletrabalho, com 65% a mostrar abertura para o adotar permanentemente como política de flexibilização laboral. Ainda a este respeito, 9% pondera mesmo reduzir o espaço de escritório.

Neste estudo participaram 127 empresas, que se distribuem por diversos setores – com destaque para a indústria, retalho e serviços -, têm maioritariamente uma faturação superior a 26 milhões de euros e, na sua generalidade, empregam, pelo menos, mais de 50 pessoas, indo até às 1.000.

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