Investidor português ainda é “bastante conservador”, diz executivo da Mercer

O grupo Marshal McLennan chegou a Portugal em 1962, fazendo-se representar atualmente pelas empresas Marsh e Guy Carpenter, com atividade na área dos riscos, Oliver Wyman, na corretagem de seguros, resseguro, na consultoria estratégica, e Mercer, que atua na  gestão de benefícios, consultoria de recursos humanos, consultoria de pensões e consultoria de investimentos.

Numa entrevista concedida à ‘Executive Digest’ Rui Guerra, Partner e Business Leader de Wealth da Mercer Portugal, debruçou-se sobre a atividade do grupo no país, passando por temas como o volume de ativos gerido e a forma de gestão e de adaptação às crises pelas quais passou.

Convidado a descrever o perfil do investidor português, Rui Guerra classifica-o como “bastante conservador”, dando margem, ainda assim, para uma gradual transição: “Se pensarmos no investidor português como o indivíduo, este tem tido, por natureza, um perfil bastante conservador, com a componente de ativos de curto prazo, nomeadamente mercado monetário e obrigações a representarem a maior parte do património financeiro”, disse o executivo, aludindo de seguida ao aumento da literacia financeira.

“No entanto, e apesar de ser de forma mais lenta do que o desejável, a literacia financeira tem aumentado e os ativos com um pouco mais de risco/volatilidade começam a ter um peso um pouco maior, nomeadamente a componente de ações”, sublinha.

 

Carteira de clientes em Portugal

“Em Portugal, a Mercer apoia clientes na estruturação dos seus portefólios de investimento, nomeadamente através do aconselhamento das classes de ativos mais adequadas às características dos diversos tipos de veículo (por exemplo, Fundo de Pensões, Seguradoras, Fundações e outros investidores institucionais)”, explicou o executivo.

Segundo Rui Guerra, apesar de não gerir as classes de ativos, o grupo assegura o apoio na segmentação de classes, onde estão incluídas, ações, obrigações, imobiliário e alternativos.

 

Sustentabilidade na ordem do dia

Com a sustentabilidade a garantir uma posição cada vez mais relevante na agenda das organizações, Rui Guerra não tem dúvidas da importância da temática para o grupo, refletida na forma como é integrada nos processos com os clientes.

“A área da sustentabilidade é uma área muito importante para o grupo dado que trabalha as diversas componentes e perspetivas. Trabalhamos com os nossos clientes nos temas ESG (Environmental, Social and Governance), nomeadamente no que respeita à forma de como integrar estes princípios nos seus processos de decisão, operações e, por exemplo, no caso de investidores institucionais, nos seus processos de investimento”, explicou.

 

Guerras, depressões e pandemia

Questionado sobre de que forma é que o investimento teve de ser adaptado aos diferentes cenários de crise – dado que a Marsh McLennan acompanhou os seus clientes em situações de guerra, depressões e pandemias -, o Partner e Business Leader de Wealth da Mercer Portugal interligou aprendizagem e resiliência.

“A forma como se tem abordado a resposta às crises tem incluído a aprendizagem das crises anteriores, traduzindo-se numa maior resiliência. Um fator que tem contribuído para a mudança tem sido a globalização. O facto de haver mais acesso a mais informação e de forma mais rápida, favorece o desenvolvimento de soluções de forma mais coordenada entre os diversos países”, considerou.

Rui Guerra aborda a crise pandémica como outra das situações adversas que contribuem para essa aprendizagem: “Felizmente conseguimos responder com sucesso às adversidades provocadas pela pandemia e aprender com a experiência, o que nos permitiu dar as respostas necessárias aos nossos clientes quando mais precisaram de nós. Foi um período de aprendizagem em que crescemos e nos tornou mais fortes e o nosso foco de investimento será manter e atrair mais talento que reforce a nossa oferta e capacidade de resposta”.

O grupo está presente em Portugal com escritórios em Lisboa e no Porto, nos quais trabalham equipas que ascendem a mais de 600 colaboradores.

2021 é um ano marcante para o grupo Marsh McLennan, que completa 150 anos de atividade nas áreas de risco, estratégia e pessoas, estando presente em 130 países.

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