“Invasores serão despejados em 24 horas”: Itália aprova lei para lidar com ‘okupas’

“Antes, os invasores não temiam o Estado. Agora terão de temer. Connosco, os ladrões serão despejados em 24 horas.” Esta foi a mensagem do Governo de Giorgia Meloni, bem sublinhada numa fotografia de três polícias a bater à porta de uma casa para a despejar, publicada nas redes sociais pelos Irmãos de Itália, o partido da primeira-ministra italiana, após a aprovação da Lei da Segurança, que prevê entre dois e sete anos de prisão para os invasores.

Esta é a confirmação visual de que o Governo de Meloni desencadeou uma guerra contra as ocupações – os ‘okupas’ -, potenciado pelo caso da eurodeputada Ilaria Salis, uma ativista de esquerda que passou de uma prisão húngara — acusada de atacar neonazis numa manifestação em Budapeste — para ocupar um lugar no Parlamento Europeu pelo partido Aliança da Esquerda Verde.

O que realmente provocou uma tempestade política em Itália foram as suas declarações em defesa das ocupações (ela própria, professora, ocupou uma casa em Milão para pobres): “Não vejo nada de escandaloso nos movimentos de habitação resolverem problemas que as instituições não conseguem. O que é justo nem sempre é legal.”

As suas palavras foram bombásticas num país onde a ocupação ilegal é uma questão ultra-sensível. A primeira-ministra Giorgia Meloni respondeu duramente a Ilaria Salis em diversas ocasiões: “É vergonhoso que alguém pago por italianos para fazer leis defenda a violação das mesmas. É inaceitável que pessoas privilegiadas ocupem casas destinadas a pessoas pobres.”

A mensagem de Meloni foi sempre clara: o “abusivismo” (termo utilizado em Itália para ocupação ilegal) seria uma prioridade. O Senado italiano aprovou a Lei de Segurança, que inclui catorze novos crimes, um deles a ocupação ilegal, punível com pena de dois a sete anos de prisão. Giorgia Meloni e o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, defenderam a nova lei como um “instrumento estratégico contra o crime”. Mas a oposição chamou-lhe “repressiva e populista”.