Inflação atingiu 144,6% nos primeiros oito meses do ano na Venezuela

Os preços no consumidor aumentaram 114,6% nos primeiros oito meses do ano na Venezuela, de acordo com dados divulgados na terça-feira pelo Observatório Venezuelano de Finanças (OVF).

A taxa de inflação no país atingiu 13,6% em agosto e um total de 422% nos últimos 12 meses, revelou o OVF.

“A Venezuela está a entrar num processo de aceleração muito pronunciada do aumento dos preços”, explicou a organização, num comunicado divulgado em Caracas.

Entre os itens que registaram os maiores aumentos em agosto estão os serviços de comunicações, com 26,7%, em particular os serviços de Internet e telemóvel.

Outros grupos que refletiram aumentos de preços foram a alimentação, com 8%, o dobro da taxa registada em julho, os transportes (9,9%), a educação (9,4%) e o aluguer de habitação (10%).

“Este comportamento da inflação em agosto ocorreu num contexto em que a taxa de câmbio do bolívar face ao dólar [norte-americano] aumentou 8,3% no mercado paralelo, enquanto a taxa de câmbio do dólar oficial subiu 10,5%”, precisou o OVF.

“Os preços reagiram de forma exagerada à depreciação do bolívar, o que pode conduzir a uma trajetória inflacionista difícil de travar, uma vez que a economia não dispõe de uma âncora ou de uma referência para a formação dos preços”, alertou a organização.

“Entretanto, no meio desta espiral inflacionista, os salários do setor público estão congelados desde março de 2023, o que faz com que o poder de compra dos trabalhadores ativos e dos pensionistas tenha experimentado uma notável deterioração, o que, sem dúvida, enfraquece o consumo e inibe o crescimento da economia”, sublinhou o OVF.

Na Venezuela, nos últimos anos, os preços dos produtos são fixados referencialmente em dólares norte-americanos, à taxa oficial de câmbio que emite diariamente o Banco Central de Venezuela.

No entanto, a população queixa-se de que os preços dos produtos sobem frequentemente nos valores de referência em dólares, e consequentemente em bolívares.