Imagens de satélite mostram navios da Marinha dos EUA a posicionarem-se para possível ataque ao Irão

Imagens recentes de satélite revelaram que todos os navios da Marinha dos Estados Unidos, previamente destacados no porto de Manama, no Bahrein, abandonaram as suas posições. Este movimento estratégico ocorre num momento de elevada tensão no Médio Oriente, com Washington a preparar-se para um eventual ataque do Irão, em resposta à crescente escalada do conflito entre Teerão e Telavive.

De acordo com imagens analisadas por especialistas em fontes abertas e partilhadas na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) por analistas como Ian Ellis, pelo menos um navio de combate litoral, quatro embarcações de contramedidas contra minas e o navio de operações especiais M/V Ocean Trader encontram-se agora em operações na área de responsabilidade do Comando Central dos EUA (CENTCOM).

Estas embarcações terão abandonado o porto no Bahrein e deslocam-se para zonas-chave do Golfo Pérsico, Estreito de Ormuz e Golfo de Omã, regiões estratégicas onde os Estados Unidos procuram reforçar a sua presença dissuasora.

O aumento do dispositivo militar norte-americano na região reflete um estado de prontidão elevado, num momento em que o Presidente Donald Trump pondera o apoio direto à ofensiva israelita contra o Irão. Embora Trump tenha, durante grande parte do seu mandato, procurado evitar novos envolvimentos prolongados no Médio Oriente, a sua política relativamente ao Irão tem-se caracterizado por uma postura de pressão e intimidação.

Um eventual envolvimento dos Estados Unidos no conflito poderá desencadear represálias do Irão não apenas contra forças e interesses norte-americanos, mas também contra aliados estratégicos de Washington no Golfo, que poderão ser os primeiros alvos de Teerão.

A par da movimentação dos navios, outros ativos militares norte-americanos foram reposicionados. O porta-aviões USS Nimitz foi desviado do Mar do Sul da China para o Médio Oriente, juntando-se ao grupo de ataque do USS Carl Vinson, que se encontrava no Mar da Arábia desde abril. Segundo um responsável do Departamento de Defesa citado pela Newsweek, esta decisão visa “manter a nossa postura defensiva e salvaguardar o pessoal norte-americano”.

Caso os Estados Unidos optem por atacar alvos estratégicos iranianos, como a instalação nuclear subterrânea de Fordow, o plano poderá envolver o lançamento de bombas destruidoras de bunkers GBU-57/B por bombardeiros B-2 estacionados em Diego Garcia.

Na terça-feira, Donald Trump recorreu à rede social Truth Social para deixar uma mensagem clara ao regime iraniano: “Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está escondido. É um alvo fácil, mas está seguro por agora — não o vamos eliminar (matar!), pelo menos para já. Mas não queremos mísseis lançados contra civis ou soldados americanos. A nossa paciência está a esgotar-se. Obrigado pela vossa atenção a este assunto!”

Por sua vez, Heather Williams, subdiretora do Programa de Política de Segurança Internacional e Defesa da RAND Corporation, alertou numa análise sobre o conflito Israel-Irão que “a ameaça ao pessoal norte-americano na região é real”. Williams acrescentou ainda: “Os sucessos militares de Israel contra o Irão poderão reduzir a ameaça no curto prazo, mas aumentá-la no longo prazo. Por um lado, isto pode dar a Washington espaço para se concentrar em necessidades de segurança mais imediatas noutros teatros, mas também pode criar condições para um futuro conflito no Médio Oriente que enrede os Estados Unidos numa altura em que pretendem estar focados noutras regiões”.

A mobilização dos navios norte-americanos é acompanhada pela deslocação de aviões de reabastecimento da Força Aérea dos EUA para o Médio Oriente, reforçando a capacidade operacional dos caças e bombardeiros na região. A grande incógnita, neste momento, é se os Estados Unidos optarão por um envolvimento direto no confronto, com potenciais consequências devastadoras para a estabilidade da região.