Imagens de satélite mostram movimentações militares dos EUA na Europa em preparação para eventual confronto com o Irão

Novas imagens de satélite, analisadas por especialistas em inteligência aberta, vieram revelar um aumento significativo da presença de aeronaves de reabastecimento e aviões de transporte pesado das forças armadas norte-americanas em bases estratégicas da Europa. A movimentação surge numa altura em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá decidir, nas próximas semanas, se ordena ou não um ataque ao Irão e se envolve diretamente o país no conflito que opõe Israel ao regime de Teerão.

Segundo revelou a publicação Newsweek, que teve acesso às imagens e ouviu analistas e fontes oficiais, o reforço do dispositivo militar parece indicar que as forças norte-americanas estão a preparar-se para uma possível intervenção, enquanto simultaneamente procuram enviar um sinal claro de força ao Irão. Até ao momento, o Pentágono não se pronunciou oficialmente sobre estas movimentações, apesar de os jornalistas da Newsweek terem solicitado esclarecimentos.

As imagens, partilhadas por analistas através da rede social X (antigo Twitter), mostram um aumento da atividade aérea das forças norte-americanas nas bases de Ramstein (Alemanha), Aviano (Itália) e Chania (Grécia). De acordo com a análise feita, a presença reforçada de aviões-tanque nestas bases visa garantir o reabastecimento contínuo de caças como os F-22, estacionados em Lakenheath (Reino Unido), a maior base aérea norte-americana na Europa, bem como de bombardeiros estratégicos provenientes do território continental dos Estados Unidos (CONUS).

Este tipo de operação — conhecido como missão CONUS-to-CONUS — permite aos bombardeiros realizarem missões de ida e volta, sem necessidade de paragens para reabastecimento em terra, tornando possível uma ação rápida e prolongada sobre alvos no Médio Oriente. A última vez que a Força Aérea dos EUA tornou pública uma missão deste género foi em fevereiro deste ano, quando aviões norte-americanos sobrevoaram o Norte de África durante cerca de 30 horas.

Paralelamente, alguns bombardeiros e aviões-tanque encontram-se já posicionados na base de Diego Garcia, no oceano Índico, uma localização estratégica que permite uma intervenção rápida na região.

O reforço das capacidades logísticas norte-americanas surge num contexto de grande tensão. O Irão tem vindo a alertar para as consequências de um eventual ataque e acusa os EUA de colaborarem com Israel nas ações militares que têm visado o país. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, afirmou, em declarações a órgãos de comunicação social do Irão: «Nestes ataques realizados contra o Irão, há múltiplos indícios de cooperação entre as forças dos EUA presentes na região e o regime sionista.»

Entre as possíveis retaliações que têm sido debatidas em Teerão está o encerramento do Estreito de Ormuz, um dos pontos nevrálgicos para o transporte de petróleo entre o Golfo Pérsico e o oceano Índico, vital para os abastecimentos energéticos da Ásia.

Entretanto, também foram observadas movimentações nos Emirados Árabes Unidos e no Qatar, com imagens de satélite a mostrarem que uma das principais bases norte-americanas no Qatar foi esvaziada, alimentando ainda mais os receios de uma escalada iminente do conflito.

A Casa Branca confirmou que uma decisão sobre uma possível intervenção norte-americana deverá ser tomada em breve. A porta-voz presidencial, Karoline Leavitt, citada pela Newsweek, declarou: «Tenho uma mensagem direta do presidente e passo a citar: ‘Com base no facto de existir uma possibilidade substancial de negociações que podem ou não ter lugar com o Irão num futuro próximo, tomarei a minha decisão, de avançar ou não, dentro das próximas duas semanas’.»

Para além dos meios aéreos, a chegada recente do chamado “avião do juízo final” — uma aeronave concebida para assegurar a continuidade do governo norte-americano em caso de conflito nuclear — à base aérea de Andrews, nos arredores de Washington, foi interpretada por alguns analistas como um sinal adicional de que a administração Trump está a preparar todos os cenários, incluindo os mais extremos.

Para além do valor operacional, a concentração visível de meios aéreos e logísticos pode ter um efeito psicológico, destinado a pressionar o Irão e a desencorajar uma escalada das hostilidades. A acumulação de recursos, tanto na Europa como no Índico, demonstra a capacidade dos EUA para projetar força rapidamente na região e para manter operações prolongadas sem depender de infraestruturas locais vulneráveis.

À medida que se aproxima a data da decisão de Trump, o mundo aguarda com expectativa os próximos desenvolvimentos, num momento em que as tensões no Médio Oriente atingem um dos pontos mais críticos dos últimos anos.