Hungria ter-se-ia rendido se a Rússia a tivesse invadido e escolha da Ucrânia “foi irresponsável”, garante braço-direito de Viktor Orbán

Um dos conselheiros mais próximos do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, tem sido alvo de duras críticas após comentários em que sugeriu que a Hungria não teria lutado contra a Rússia se ela tivesse invadido. Num podcast na passada quarta-feira, Balázs Orbán (que não tem qualquer parentesco com Viktor) defendeu que Budapeste teria optado por se render em vez de lançar resistência militar se enfrentasse um ataque russo, num claro contraste com a defesa que a Ucrânia tem apresentado desde fevereiro de 2022.

Segundo o diretor político do primeiro-ministro, a decisão do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de defender a Ucrânia militarmente foi “uma escolha irresponsável”. “Cada país tem o direito de decidir o seu próprio destino”, salientou Orbán, que citou os eventos da revolta antissoviética, onde milhares de húngaros foram mortos e centenas de milhares forçados a fugir de casa nos 12 dias de resistência malsucedida ao Governo soviético.

“Mas, com base em 56, não teríamos feito o que o presidente Zelensky fez nos últimos dois anos e meio, porque foi irresponsável”, defendeu Orbán, salientando que “as preciosas vidas húngaras” devem ser tratadas com cautela em vez de “oferecê-las” para defesa militar.

Os comentários de Balázs Orbán atraíram duras críticas dos líderes da oposição húngara: Péter Magyar, líder do maior partido da oposição, Tisza (Respeito e Liberdade), exigiu a renúncia de Orbán até 23 de outubro, o 68º aniversário da revolta, que mataram 3 mil civis e destruíram grande parte da capital Budapeste.

Magyar garantiu que os comentários desonravam a memória dos combatentes pela liberdade húngaros que morreram a resistir às forças soviéticas: num post na rede social ‘Facebook’, descreveu os comentários como “traidores. “Humilhou a memória de milhares de lutadores pela liberdade húngaros, centenas dos quais — diferentemente de Balázs Orbán — estavam dispostos a sacrificar as suas vidas pela liberdade e independência do seu país. Um homem assim não pode ocupar um cargo público ao lado do primeiro-ministro húngaro”, escreveu Magyar.

Balázs Orbán tem sido uma figura influente no Governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, desempenhando um papel fundamental na definição da política externa da Hungria.

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