Hospital Garcia da Orta perde nove obstetras em 2025: cuidados às grávidas “estão em risco”

Oo Hospital Garcia de Orta, em Almada, desde o início do ano, perdeu sete obstetras, sendo que nos próximos meses espera-se a saída de mais dois, o que vai diminuir o atendimento às grávidas na margem sul do Tejo. Segundo um obstetra reconheceu ao jornal ‘Observador’, os cuidados médicos, já de si deficitários, vão ficar “em risco”.

O problema não é novo, mas agravou-se nos últimos meses, desde a tomada de posse do novo Conselho de Administração, acusado pelos médicos de uma atitude “hostil”. Liderado por Pedro Azevedo, recebeu já as cartas de rescisão de outros dois especialistas que vão deixar o Hospital Garcia de Orta em junho e julho — fazendo antever um período de verão marcado por grandes dificuldades nos cuidados obstétricos na Península de Setúbal – o serviço ficará apenas com apenas três obstetras.

“O serviço está em risco neste momento, o hospital vai ficar com apenas três obstetras”, denunciou uma médica obstetra. “Com os recursos que existem, é incomportável vigiar grávidas, fazer diagnóstico pré-natal, fazer urgência interna.”

“Se não houver sentido de responsabilidade dos autarcas e dos responsáveis das ULS [Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, que engloba o Garcia de Orta], daqui a pouco não há nenhum obstetra no Garcia de Orta e do Barreiro”, frisou Alberto Caldas Afonso, presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.

O serviço já “não assegura as condições de segurança necessárias quer para as doentes quer para os profissionais”, pelo que deveria fechar. Os médicos internos, ainda em formação, estão a fazer consultas sem qualquer acompanhamento, denunciou, uma vez que não há especialistas suficientes para garantir a atividade assistencial regular, a urgência externa e ainda a formação aos internos.