Homicídios violentos na Amadora e no Seixal ligados a grupo criminoso brasileiro Primeiro Comando da Capital

Dois homicídios recentes ocorridos na Área Metropolitana de Lisboa revelam uma preocupante ligação ao crime organizado e ao tráfico internacional de droga. Tanto a morte de Thúlio Fernando Santos Silva, jovem brasileiro encontrado carbonizado num caixote do lixo na praia da Ponta dos Corvos, no Seixal, como a execução de Felisberto Dias, conhecido por ‘Gnoti’, abatido a tiro à porta de um ginásio na Amadora, estão a ser investigadas como possíveis ajustes de contas encomendados por grupos criminosos do Brasil.

A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, segundo avança o Correio da Manhã já tem fortes indícios sobre a identidade do homem encontrado carbonizado no passado dia 29 de janeiro. Tudo indica que a vítima é Thúlio Fernando Santos Silva, um imigrante brasileiro de 20 anos que poderá ter sido morto por ordem do Comando Vermelho (CV), uma das mais poderosas organizações criminosas da América do Sul. Segundo informações apuradas, cinco operacionais deste grupo teriam sido enviados a Portugal para executar o homicídio.

As autoridades acreditam que o crime esteja relacionado com o tráfico de droga, um ajuste de contas que poderá ter sido motivado por desentendimentos entre facões criminosas. Thúlio, que chegou a trabalhar com o pai numa empresa de eletricidade no Montijo e fazia descontos para a Segurança Social, abandonou recentemente a casa da família para viver com uma namorada em Almada. Foi nesse período que, segundo suspeitas, passou a envolver-se com redes criminosas.

A investigação tenta agora reconstruir as últimas horas de vida do jovem, havendo suspeitas de que foi levado para uma casa abandonada, onde terá sido violentamente espancado antes de ser queimado e abandonado num caixote do lixo. A autópsia, que deverá ser realizada no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, será crucial para determinar se Thúlio já estava morto antes de ser incendiado.

A família do jovem, incluindo o pai que reside em Portugal, e a mãe e avó que permanecem no Brasil, lançaram uma campanha nas redes sociais para angariar fundos para o funeral.

Execução de ‘Gnoti’ na Amadora

Menos de uma semana depois, a 31 de janeiro, Felisberto Dias, de 40 anos, conhecido no meio criminal como ‘Gnoti’, foi morto a tiro à porta do ginásio que frequentava na Reboleira, Amadora. O homicídio foi executado com precisão: um atirador, possivelmente contratado, aproximou-se de mota, disparou três a quatro tiros certeiros no tronco e na cabeça da vítima e fugiu imediatamente. A suspeita é de que o autor já tenha deixado o país.

O motivo do crime poderá estar ligado ao tráfico de droga. Felisberto era suspeito de ter roubado centenas de quilos de droga pertencentes a um grupo criminoso brasileiro, alegadamente o Primeiro Comando da Capital (PCC). O homicídio poderá estar também relacionado com um assassinato ocorrido recentemente em Espanha e um rapto em Lisboa no dia anterior. O homem raptado pode ter revelado aos criminosos o envolvimento de ‘Gnoti’ no desaparecimento da droga, levando à sua execução.

Fontes próximas da investigação indicam que Felisberto, que tinha um passado ligado ao tráfico e havia saído da cadeia há menos de seis meses, pretendia comercializar a cocaína roubada a um preço muito abaixo do mercado. Esta tentativa de negócio terá provocado tensão entre grupos criminosos, acelerando a retaliação.