“Hamas está a fazer uma aposta errada”: EUA pressionam para libertação de reféns e propõem prolongamento de cessar-fogo

O enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, revelou esta sexta-feira os principais termos de uma nova proposta de mediação entre Israel e o Hamas, que visa prolongar o cessar-fogo atual na Faixa de Gaza. A proposta, apresentada em Doha, foi descrita como uma “ponte” para um possível acordo de paz mais duradouro.

Ao mesmo tempo, Witkoff rejeitou como “falsa e oportunista” a recente declaração do Hamas de que teria concordado em libertar Edan Alexander, um soldado americano-israelita de 20 anos, atualmente em cativeiro. O representante norte-americano exigiu a libertação imediata do refém e deixou claro que há um prazo para essa ação, advertindo que haverá consequências caso o Hamas não cumpra.

“Hamas está a fazer uma aposta errada”
Numa rara declaração pública, Witkoff reforçou a posição do governo dos EUA, recordando a advertência feita pelo presidente Donald Trump ao Hamas: a libertação imediata de todos os reféns ou o pagamento de um “preço severo”.

“Hamas está a fazer uma aposta muito errada ao pensar que o tempo joga a seu favor. Não joga. O Hamas está plenamente ciente do prazo que lhe foi dado e deve saber que responderemos em conformidade caso ele não seja cumprido”, alertou Witkoff.

A pressão diplomática surge num momento crucial, uma vez que as negociações para avançar para a segunda fase do acordo de trégua assinado em janeiro não progrediram como esperado. A fase inicial do pacto deveria ter transitado para a segunda etapa a 2 de março, mas Israel recusou-se a negociar os termos, que incluíam a retirada total da Faixa de Gaza e um cessar-fogo permanente.

Proposta de “ponte” para prolongar cessar-fogo
Face ao impasse, Witkoff e o diretor para o Médio Oriente do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Eric Trager, deslocaram-se a Doha e apresentaram ao Hamas uma proposta de extensão da fase um do cessar-fogo, permitindo mais tempo para um eventual acordo definitivo.

O enviado norte-americano explicou que esta fase adicional permitiria a libertação de reféns vivos em troca de prisioneiros palestinianos, seguindo os “moldes anteriores” das trocas já realizadas. Embora não tenha revelado números exatos, um diplomata árabe citado pelo The Times of Israel afirmou que a proposta prevê a libertação de pelo menos cinco reféns vivos.

Da mesma forma o prolongamento da trégua facilitaria o recomeço da entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, interrompida há cerca de duas semanas, quando terminou a primeira fase do acordo, com o apoio da administração Trump.

A proposta coloca o Hamas sob forte pressão internacional, uma vez que a aceitação do plano pode ser a única via para evitar uma escalada militar ainda maior. No entanto, resta saber se a organização aceitará os termos ou manterá a sua posição de resistência, prolongando o impasse que tem marcado as negociações nas últimas semanas.