“Há mais casos de gripe A do que de Covid-19”, alerta especialista: afeta mais as crianças e idosos
O subtipo da gripe A H3N2 está em circulação atualmente em Portugal – é mais grave para os idosos e os sintomas são os mesmo de outros tipos de gripe (tosse, nariz a pingar e dor de cabeça). Os sintomas são comuns a uma gripe, constipação ou até à Covid-19.
“Não há qualquer sintoma específico que distinga a Covid-19 da gripe em termos de diagnóstico”, referiu o diretor do Centro Materno-Infantil do Porto, Alberto Caldas Afonso, em declarações à ‘CNN Portugal’, que alertou que se tem verificado na última quinzena um acréscimo na afluência aos serviços de urgência.
O clínico foi perentório: “Desde há 15 dias que temos tido uma afluência acrescida de doença aguda nos serviços de urgência, com destaque para os casos de Influenza”, referiu Alberto Caldas Afonso. “Só estamos a testar aqueles que têm critérios de internamento e, de facto, temos um número muito significativo de casos de gripe A comparativamente ao que tínhamos até aqui. E temos suspeita de que seja gripe A em muitas outras crianças, mas como não têm critério de internamento, não é feita a pesquisa virológica”, explicou o professor catedrático da Universidade do Porto.
O número de casos de gripe, nomeadamente de gripe A, estará subestimado, porque só são sujeitas ao painel de pesquisa de vírus respiratórios – que deteta, nomeadamente, o tipo de gripe – as crianças que são internadas. “Vejo mais casos de Influenza A do que de covid”, garantiu. Se não houver internamento, a criança vai para casa. “Não há qualquer sintoma específico que distinga a Covid-19 da gripe em termos de diagnóstico”, acrescenta o médico.
O Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) apontou ter detetado, na semana entre 7 e 13 de março, 447 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 398 do tipo A, 8 do tipo B e 41 não ‘tipados’, descrita como uma “tendência crescente” e “atividade epidémica disseminada”.
“O pico da influenza na época pré-Covid era mais precoce, não tínhamos nesta altura do ano”, referiu Caldas Afonso, acrescentando que há “vários fatores” que podem explicar o aumento do número de casos de gripe entre os mais novos. As crianças estão mais vulneráveis porque não tiveram ainda estímulos suficientes do sistema imunitário: “Grande parte do início de vida estiveram confinadas”, explicou o especialista, acrescentando que, em contexto de berçário ou creche, pouco há a fazer para evitar partilha de brinquedos e diminuir contágios.
A par do H1N1, o vírus da influenza A tem igualmente o subtipo H3N2, que é normalmente considerado de maior perigosidade para os mais idosos – e é aquele que se encontra agora em circulação em Portugal.
“A circulação do vírus da gripe deu-se sobretudo a partir do momento em que as medidas de proteção contra a Covid-19 diminuíram”, referiu o especialista. “Com todas as medidas de contenção, a propagação caiu a pique. No ano passado, neste período, estivemos em confinamento ou com medidas muito restritivas na parte pública e de grandes aglomerados. Hoje, se formos à rua, está quase tudo igual, voltámos a uma vida que tem de ser o mais normal possível”, finalizou.