Há 6,6 milhões de consultas em atraso no SNS

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está atualmente com um atraso de cerca de 6,6 milhões de consultas médicas, avança o ‘Correio de Manhã’ (CM), adiantando que este é o número de atendimentos que ficou por realizar entre janeiro e outubro de 2020, quando comparado com o ano anterior.

Segundo a mesma publicação, que analisou dados do Portal da Transparência do SNS, no período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2020, os Centros de Saúde foram palco de 10,7 milhões de consultas presenciais, menos 6,6 milhões do que em 2019.

Esta redução substancial faz com que os especialistas fiquem «muito inseguros», como é o caso do médico e ex-presidente da Associação Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira.

«Temos uma insegurança muito grande porque muitos diagnósticos, assim como monitorizações de fatores de risco para a doença cardíaca, ficaram por fazer. Posso dizer-lhe que a grande maioria dos meus doentes viu o seu peso aumentar entre 5 e 10% durante o período de confinamento imposto pela Covid-19. Isto é gravíssimo», afirma o responsável citado pelo ‘CM’.

Já, Manuel Carrageta, médico cardiologista, defende que pode existir uma relação entre o aumento da mortalidade durante a crise de saúde pública da covid-19 e a diminuição do número de consultas realizadas. «Temos de olhar para estes dados e cruzá-los. A mortalidade, durante a pandemia, disparou. O número de mortes em casa também. E qual a razão?», questiona.

«Uma delas será certamente o facto de as pessoas, com doenças desta gravidade, terem medo de ir aos hospitais. E não havia consultas para controlar. Há outras doenças além da Covid-19. Não nos podemos esquecer delas. A segunda vaga agravou este problema. Por este andar demoraremos anos a recuperar», disse o especialista ao mesmo jornal.

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