Greve termina com pouca adesão apesar de indignação com Netanyahu
O dia de greve geral convocada para hoje em Israel, terminou mais cedo, às 14h30, hora local (12h30 em Lisboa), por ordem da justiça, com pouca adesão, apesar dos protestos contra o Governo de Benjamin Netanyahu.
O Tribunal do Trabalho israelita ordenou a antecipação do fim da greve nacional na sequência de um pedido do Ministério Público, alegando que um recurso tinha natureza política e não respondia a uma exigência laboral.
Instituições de ensino, seis bancos do país e algumas empresas apoiaram a greve geral, que ficou marcada pela normalidade nas ruas de cidades como Jerusalém e Telavive.
O Aeroporto Internacional Ben Gurion, na capital israelita, interrompeu as partidas de voos durante apenas duas horas, até as retomar por volta das dez da manhã.
Familiares de reféns em posse do grupo islamita palestiniano Hamas e dezenas de cidadãos bloquearam estradas e cruzamentos de forma intermitente, em protesto contra a ausência de um cessar-fogo no conflito na Faixa de Gaza.
“Ninguém está satisfeito com nada hoje”, disse à agência EFE uma porta-voz do Fórum dos Familiares dos Reféns, pouco depois da conclusão da paralisia nacional, que não conseguiu pressionar o Governo chefiado por Benjamin Netanyahu a resolver as divergências com o Hamas e alcançar o fim das hostilidades.
Os protestos enquadram-se no primeiro dia da greve geral convocado hoje pelo Histadrut, o maior grupo sindical de Israel, com vista a aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro, acusado por muitos israelitas de não fazer o suficiente nas negociações com o Hamas e trazer os reféns vivos.
Dada a indignação da população, Netanyahu deverá fazer hoje um discurso perante os meios de comunicação social às 20:15 locais (menos duas horas em Lisboa), informou o gabinete do primeiro-ministro.
O Governo dos Estados Unidos renovou pelo seu lado a pressão para se chegar a um acordo e deverá apresentar um plano de cessar-fogo final a Israel e ao Hamas nas próximas semanas, segundo meios de comunicação como o Washington Post.
Se as duas partes não aceitarem o novo acordo, que teria sido desenvolvido em conjunto com mediadores do Egito e do Qatar, segundo um alto funcionário da administração norte-americana ao Washington Post, isso poderá marcar o fim das negociações com a participação dos Estados Unidos.
Questionado sobre esta informação hoje de manhã na Casa Branca, o Presidente norte-americano, Joe Biden, apenas comentou: “Estamos perto de um acordo para libertar os reféns, mas não creio que Netanyahu esteja a fazer o suficiente”.
No funeral do refém israelo-americano Hersh Goldberg-Polin, o Presidente israelita, Isaac Herzog, voltou a pedir desculpa por não o ter trazido vivo para Israel e, tal como o pai do jovem, pediu a devolução imediata das pessoas que continuam em cativeiro na Faixa de Gaza.
“Hersh, peço desculpa em nome do Estado de Israel por não o ter devolvido em segurança, por não o ter protegido”, disse Herzog num discurso que proferiu aos participantes em hebraico e inglês.
O corredor estratégico de Filadélfia, a linha divisória entre a Faixa de Gaza e o Egito, continua sob ocupação das tropas israelitas desde a sua chegada à cidade de Rafah, no sul do enclave.
O Hamas pede ao Governo israelita que retire as suas forças daquela zona, e de todo o enclave palestiniano, para chegar a um acordo.
Enquanto as conversações não avançam, as mortes na Faixa de Gaza, maioritariamente mulheres e crianças, atingiram hoje as 40.786, seguindo as autoridades locais, além de 94.224 feridos, depois de quase onze meses de guerra em que os bombardeamentos israelitas devastaram o território.
A ofensiva militar israelita em grande escala seguiu-se após um ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou acima de 200 reféns para a Faixa de Gaza.