Greta Thunberg entre os 12 ativistas que Israel vai deportar após interceção de barco rumo a Gaza
Os 12 ativistas pró-Palestina que seguiam a bordo do iate Madleen, com destino à Faixa de Gaza, serão deportados para os seus países de origem, confirmou esta segunda-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel. A embarcação foi intercetada pelas autoridades israelitas ao largo da costa e levada para o porto de Ashdod.
Entre os detidos encontra-se a ativista climática sueca Greta Thunberg, seis cidadãos franceses — incluindo um eurodeputado franco-palestiniano — e outros oriundos do Brasil, Espanha e Turquia. O grupo integrava uma missão simbólica da Freedom Flotilla Coalition, com o objetivo de entregar ajuda humanitária e chamar a atenção para a grave crise humanitária em Gaza, resultado do prolongado bloqueio israelita.
O porta-voz do governo israelita, David Mencer, afirmou em conferência de imprensa que os ativistas foram bem tratados: “As forças israelitas providenciaram-lhes comida e água. Serão devolvidos aos seus países dentro de pouco tempo.” Quanto à carga humanitária, Mencer admitiu que era “reduzida”, mas garantiu que “será enviada para Gaza”.
Numa crítica direta à presença de Greta Thunberg na missão, o responsável israelita declarou: “À pobre Greta, dizemos: quem está verdadeiramente a alimentar Gaza e quem está a alimentar o seu próprio ego?” Mencer classificou a embarcação como um “iate para selfies” e ironizou o esforço como “ativismo no Instagram”.
O governo francês apelou ao regresso imediato dos seus cidadãos. Segundo fonte oficial do Eliseu citada por agências internacionais, o presidente Emmanuel Macron pediu que os franceses a bordo “fossem autorizados a regressar a França o mais rapidamente possível”.
Por sua vez, a Turquia classificou a operação israelita como um “ataque hediondo” em águas internacionais, condenando de forma veemente a interceção do barco.
No porto de Ashdod, formou-se uma pequena manifestação de apoio à libertação de Gaza e em solidariedade com os ativistas.
A Amnistia Internacional emitiu um comunicado duro, considerando que a ação de Israel representa um “desprezo arrepiante pelo direito internacional”. A secretária-geral da organização, Agnes Callamard, afirmou: “Os ativistas não teriam de arriscar a vida se os aliados de Israel passassem das palavras à ação e permitissem a entrada de ajuda em Gaza.”
A ONG sublinhou ainda que o bloqueio contínuo à Faixa de Gaza constitui uma violação das obrigações internacionais de Israel: “Israel tem o dever de garantir o acesso seguro a alimentos e bens essenciais para os civis em Gaza.”
A Freedom Flotilla Coalition justificou a missão com o objetivo de denunciar o bloqueio e entregar ajuda humanitária simbólica, tal como fizera em outras tentativas anteriores — também frustradas por Israel. O Madleen transportava um pequeno carregamento de medicamentos e suprimentos essenciais, mas acima de tudo procurava mobilizar a opinião pública internacional.