Reino Unido: Greenpeace lança 18 pedregulhos ao Canal da Mancha para combater pesca de arrasto e acusa governo de inação

A organização ambientalista internacional Greenpeace lançou ao mar no Canal da Mancha 18 grandes pedras para dissuadir a pesca industrial na zona, alertando que as redes de arrasto são “destrutivas” para os ecossistemas marinhos.

A ação decorreu no final da semana passada e contou com o apoio do navio de investigação ‘Arctic Sunrise’, para proteger, mais especificamente a zona de conservação conhecida como ‘South West Deeps’, uma área de proteção marinha oficialmente reconhecida a 190 quilómetros da costa britânica.

As pedras pesam entre 500 e 1.400 quilogramas e pretendem ser um obstáculo às redes de arrasto de navios de pesca industrializada na área.

Will McCallum, do braço britânico da Greenpeace, explica à ‘Euronews’ que “neste momento, há um frenesim de pesca industrial nas águas do Reino Unido” e acusa o governo de nada fazer para prevenir a destruição dos habitats marinhos.

Apesar de as áreas marinha protegidas serem considerado santuários para espécies de importância nacional, raras ou sob ameaça, a lei britânica permite a pesca de arrasto nesses locais, algo que o ambientalista considera ser “absurdo”.

Essa técnica de pesca, sustenta McCallum, “destrói grandes manchas de ecossistemas marinhos e ridiculariza a nossa suposta ‘proteção’”.

Dados da Greenpeace indicam a área de ‘South West Deeps’, com 4.600 quilómetros quadrados, “é uma das mais intensamente pescadas” de entre as zonas marinhas protegidas pela lei do Reino Unido.

A organização afirma que não há qualquer evidência de que a grandes pedras prejudiquem a vida marinha, e não é a primeira vez que realiza uma ação do género. Já em 2020 havia colocado esses obstáculos rochosos na área protegida em ‘Dogger Bank’, e um ano depois na área protegida de ‘Offshore Brighton’.

Políticos e figuras públicas assinaram os seus nomes em algumas das pedras antes de serem lançadas à água, apoiando a reivindicação da Greenpeace de que é “ultrajante” que se possa fazer pesca de arrasto em zonas legalmente designadas para a proteção da vida marinha.

“A proteção no papel é simplesmente insuficiente”, acusa a Greenpeace, elucidando que “o governo britânico tem de atuar para salvaguardar as [áreas marinhas protegidas] face à pesca industrial destrutiva”.

E sublinha que “isto não se trata apenas da recuperação de ecossistemas marinhos”, mas que essa prática piscatória “afeta comunidades costeiras, a indústria britânica da pesca e as gerações vindouras”.

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