Grandes hospitais enfrentam maiores dificuldades em contratar médicos tarefeiros: profissionais preferem serviços menos movimentados

Contratar médicos prestadores de serviços tem sido substancialmente mais difícil para os grandes hospitais desde a entrada em vigor do decreto-lei que nivelou o valor hora a pagar aos ‘tarefeiros’, segundo o ‘Jornal de Notícias’ desta quarta-feira: ao receberem o mesmo, estes médicos preferem fazer escalas em serviços com menos movimento.

De acordo com o jornal diário, os responsáveis dos hospitais de São João, no Porto, e de Braga deram conta das dificuldades. “Se recebem o mesmo aqui ou em Matosinhos, optam pela urgência do Hospital Pedro Hispano, que é mais calma”, explicou Nélson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão da Urgência e Medicina Intensiva do S. João, que conta com mais de 40 ‘tarefeiros’. Os médicos da casa na equipa dedicada da urgência são menos de 20.

Já em Braga, as dificuldades são semelhantes nas escolas para os blocos de parto: o serviço é muito pressionado e os ‘tarefeiros’ optam por trabalhar nos hospitais de Famalicão ou da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, indicou João Porfírio Oliveira, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Braga.

No entanto, não são todos os hospitais a enfrentar dificuldades. No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que tem o Santa Maria, não há indicações de dificuldades na contratação de prestadores de serviço desde a publicação do diploma.

Fernando Araújo, diretor-executivo do SNS, admitiu que a alteração legal, introduzida em fevereiro, teve efeito mas sublinhou que o diploma trouxe mais vantagens do que problemas. “Há prestadores que preferem trabalhar mais num hospital perto do que menos num hospital longe”, frisou, garantindo que nos grandes hospitais estes médicos “têm mais respaldo, mais apoio” das equipas. O diploma, apontou, tem outro grande mérito: “Acabaram os pedidos de autorizações excecionais dos hospitais para pagaram 120 euros à hora e assim evitar o fecho das urgências”, assegurou.