Governo quer liberalizar setor do tratamento de resíduos perigosos: associações do ambiente alertam que país pode tornar-se a lixeira da Europa

Portugal pode transformar-se numa lixeira de resíduos perigosos de outros países, acusaram diversas associações de defesa do ambiente, que criticaram as propostas do Governo para alterar ao atual modelo de tratamento, apontou a ‘SIC Notícias’.

Em Portugal, existem dois aterros onde são depositadas lamas oleosas, águas contaminadas e restos químicos prejudicais para a saúde, desde 2008.

“Este investimento custou 25 milhões de euros e já vai em 40 milhões. Todo este investimento é privado, a única coisa que o Estado garantiu foi que durante um período de tempo impediria o acesso a outros operadores para rentabilizar estes equipamentos”, garantiu Manuel Simões, diretor da Ecodeal, uma das empresas que faz a gestão destes resíduos.

O Governo, no entanto, pretende terminar com o modelo e liberalizar o setor, uma decisão que, segundo Manuel Simões, não é necessária – em 14 anos, o centro que opera recebeu dois milhões de toneladas de resíduos.

“E se o que existe é mais do que suficiente para gerir aquilo que é produzido em Portugal, o que está por detrás desta decisão, abrir mais unidades pra tratar resíduos perigosos, é abrir para receber resíduos perigosos de outros países”, alertou, Cármen Lima, da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente.

“Com os preços que praticamos neste momento, em termos europeus são os mais baixos, e com unidades que têm a nível técnico as mesmas capacidades a nível europeu aquilo que está subentendido, e ninguém quer ver, é que Portugal é as ‘rebajas’ (os saldos) dos resíduos a nível europeu”, acusou.

O Ministério do Ambiente, liderado por Duarte Cordeiro, salientou que os novos centros terão de seguir as atuais exigências e que não está a considerar a importação dos resíduos.

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