Governo pode estudar “outros modelos” de serviço militar se houver “alteração grave” a nível internacional

Nuno Melo afastou, esta quinta-feira, um cenário de serviço militar cívico. Em entrevista à rádio ‘Renascença’, o ministro da Defesa Nacional defendeu “as virtudes de um sistema profissional em que quem é militar é militar porque quer”, embora tenha mostrado abertura para estudar “novos modelos” caso haja uma “alteração grave” a nível internacional.

“E para isso tem de estar bem equipado e com todas as condições. E é nesse sentido que nós trabalhamos todos os dias. Não pode nenhum de nós dizer que se houver uma alteração grave no contexto geopolítico mundial, tal qual outros países da União Europeia vão fazendo agora, outros modelos não possam ser estudados”, apontou Nuno Melo.

O ministro abordou ainda a substituição dos caças F-16, em “fim de ciclo”, que poderia ser substituídos pelos F-35 dos EUA. No entanto, “nas nossas escolhas, não podemos ficar alheados da envolvente geopolítica. A recente posição dos Estados Unidos, no contexto da NATO e no plano geostratégico internacional, tem de nos fazer pensar sobre as melhores opções porque a previsibilidade dos nossos aliados é um bem maior a ter em conta”.

“O mundo já mudou. Houve eleições nos EUA, houve uma posição em relação à NATO e ao mundo, afirmada pelo secretário da Defesa e pelo próprio presidente dos EUA, que tem de ser tida em conta também na Europa e no que tem a ver com Portugal”, justificou o líder do CDS-PP. “Esse nosso aliado, que ao longo de décadas foi sempre previsível, poderá trazer limitações na utilização, na manutenção, nos componentes, em tudo aquilo que tem a ver com a garantia de que as aeronaves serão operacionais e serão utilizadas em todo o tipo de cenários.”

Portugal prepara um pacote de apoio à Ucrânia de 300 milhões de euros, que nem a queda do Governo deve mudar. “Portugal tem de ser capaz de cumprir os compromissos assumidos com os nossos aliados no que tem a ver com a ajuda à Ucrânia. Em 2025, tínhamos previsto teoricamente um esforço de perto de 220 milhões de euros. Se tiver de crescer até 300 milhões de euros, também não cresceria assim tanto”, referiu, lembrando os “grandes consensos” entre os partidos do arco da governabilidade – PSD, PS e CDS – têm mantido.