Gouveia e Melo Presidente? Iniciativa Liberal já garantiu que não vai apoiar o almirante

O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, afastou qualquer possibilidade de o partido apoiar uma eventual candidatura presidencial do almirante Henrique Gouveia e Melo. Através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Rocha justificou a decisão afirmando que o militar não personifica as ideias defendidas pela formação liberal.

“Há quem hesite sobre a candidatura de Gouveia e Melo. Há quem a tema. Há quem queira aproveitar-se dela. Para mim, é claro. Não representa ideias liberais. Não está a pessoa em causa, nem a condição militar. É a visão. A IL deve apoiar uma candidatura que represente o espaço liberal”, escreveu Rui Rocha na sua conta oficial.

A declaração do líder do partido surge num momento em que o almirante tem estado mais presente em espaços públicos, abordando diversos temas de interesse nacional, embora continue a evitar qualquer discussão sobre uma potencial candidatura à Presidência da República. Gouveia e Melo, que se destacou pela liderança no combate à pandemia de COVID-19, mantém a postura de não comentar o tema enquanto se encontra em funções militares.

O debate interno sobre o papel da IL nas próximas eleições presidenciais não é novo. Bernardo Blanco, vice-presidente do partido, já havia sugerido, em declarações ao jornal Observador, que poderia não ser estratégico para a IL apresentar um candidato próprio. Blanco argumentou que, ao contrário de 2021, quando Tiago Mayan Gonçalves foi o rosto liberal na corrida a Belém, desta vez haverá um maior número de candidatos e o partido teria pouco a ganhar com uma candidatura que não alcançasse uma base de apoio significativa.

“Pode não valer a pena a Iniciativa Liberal ter candidato próprio nas presidenciais”, afirmou Blanco, acrescentando que o partido deverá avaliar cuidadosamente a melhor forma de defender o seu espaço ideológico no contexto das eleições.

Enquanto a IL se distancia de Gouveia e Melo, o Chega foi um dos primeiros partidos a manifestar algum interesse na possível candidatura do almirante, embora essa posição tenha perdido força nas últimas semanas. André Ventura, líder do partido, reconheceu recentemente que Gouveia e Melo “não é absolutamente consensual” dentro da sua estrutura partidária, não garantindo um apoio fechado à candidatura do militar.

Da mesma forma, Ventura voltou a considerar publicamente a hipótese de se apresentar como candidato presidencial, numa inversão da narrativa mantida até há pouco tempo, na qual dizia que o seu foco estava exclusivamente na conquista do cargo de primeiro-ministro.