G7: “Nada poderá voltar a ser como antes da guerra”, diz Scholz
Na Alemanha, que detém a Presidência rotativa do grupo das economias mais industrializados do mundo, o Chanceler alemão afirmou que foram discutidos vários aspetos da guerra da Rússia na Ucrânia e garantiu que o grupo está certo de que “não pode haver nenhum retrocesso e nada poderá voltar a ser como antes da guerra”.
Olaf Scholz disse que “estamos a viver um período muito desafiante” e que, por isso, “temos que ser decisivos”.
“A reunião foi muito positiva para o G7 e para os países convidados”, afiançou o Chanceler alemão, referindo-se ao Senegal, à Indonésia, à África do Sul, à Índia e à Argentina, que, apesar de não serem membros do Grupo dos Sete, foram convidados a estarem presentes no encontro.
Scholz mostrou-se confiante de que o encontro do G7 demonstra “a força das alianças democráticas” e deixa “mensagens claras”.
Uma delas é que “o G7 está unido no seu apoio à Ucrânia” e que concorda que “o Presidente Putin não deve ganhar esta guerra”, e garantiu que “iremos aumentar as sanções económicas impostas ao Presidente Putin”.
Scholz disse que o G7 se manterá coeso no apoio à Ucrânia, independentemente da duração da guerra, e afirmou que procurará “contrariar a narrativa russa”, destacando que as fronteiras internacionalmente reconhecidas são invioláveis.
No encontro, os líderes discutiram também o reforço da ajuda financeira a Kiev, estando a ser preparado um novo pacote de cerca de 29 milhões de dólares, e que “iremos continuar a fornecer apoio humanitário”, com oito mil milhões de dólares. O fornecimento de mais armas à Ucrânia esteve também em cima da mesa, tal como a reconstrução da Ucrânia após o conflito, em conjunto com os parceiros europeus.
Para Scholz, a reconstrução da Ucrânia precisa de um novo Plano Marshall, “que precisará de ser muito em planeado e muito bem implementado”.
Outra das mensagens do G7 é que “estamos a combater a fome em todo o mundo”, que “é um desafio ainda maior, devido ao ataque da Rússia à Ucrânia”, afirmou Scholz, apontando que existem hoje 348 milhões de pessoas “que não têm alimentos suficientes”.
“A crise climática e a pandemia tornaram-se problemas ainda maiores” devido à guerra da Rússia, alertou o Chanceler alemão, acrescentando que essas ameaças adquirem contornos ainda mais preocupantes e sérios nos países africanos.
“E é por isso que queremos agir”, afirma Scholz, avançando que o G7 quer criar uma Aliança Global para a Segurança Alimentar e que o grupo tem 4,5 mil milhões de dólares que estão a ser mobilizados para essa ajuda à segurança alimentar.
“Esta guerra mostrou também o nosso nível de dependência energética, especialmente face à Rússia”, referiu o político alemão, frisando que “temos que reduzir essa dependência”, pelo que o G7 compromete-se a expandir as energias renováveis.
Scholz disse que o G7 está disposto a ajudar qualquer país que queira desenvolver a sua produção elétrica através do hidrogénio. “Temos que alinhar-nos com o Acordo de Paris”, confirmou, mas não avançou detalhes sobre se as sete potências industriais planeiam continuar a investir em combustíveis fósseis.
Também a inflação foi um dos pontos da ordem dos trabalhos do G7, e Scholz disse que os aumentos dos preços “podem conduzir à instabilidade económica, pelo que é essencial agirmos em conjunto”.
Os líderes falaram ainda das alterações climáticas, tendo sido avançada a ideia da criação de um “Clube do Clima”, que será criado até ao final deste ano. “Precisamos de ser mais ambiciosos para atingirmos os nossos objetivos climáticos”, aponta Scholz, que referiu também que as sete potências devem em conjunto trabalhar para tornar as suas indústrias neutras em emissões de carbono e “não devemos trabalhar uns contra os outros”, e essa é a missão do “Clube do Clima”.
No que toca ao abandono dos combustíveis fósseis, Scholz deixou claro que a transição energética é um esforço que deve ser feito por todos os países, envolvendo, inclusivamente, os países em desenvolvimento. Destacou o empréstimo de 700 mil euros que foi feito à África do Sul para apoiar na transformação energética desse país, e apontou que cooperação semelhante estará a ser preparada com a Índia e com o Vietname.
“Acredito que esta cimeira é extremamente importante”, argumentou Scholz, destacando que um encontro presencial, ao invés de reuniões online, é essencial para debater pontos de vista diversos e facilitar a comunicação entre os vários líderes.