Fraude do conta-quilómetros custa milhares de milhões de euros aos compradores de automóveis na Europa, revela especialista

A livre circulação de bens é um dos pilares da União Europeia, mas, de certa forma, também abre a porta à concorrência desleal e a práticas fraudulentas. De acordo com a carVertical, a maior empresa de dados sobre automóveis usados na Europa, a fraude do conta-quilómetros custa, só por si, milhares de milhões de euros aos compradores de automóveis no continente europeu. Os dados internacionais são a única forma de proteção eficaz para quem compra carros usados e para os concessionários. A empresa estima que a percentagem de automóveis usados com falsificação do conta-quilómetros diminuiu de 5,2% em 2023 para 4,9% este ano.

Dados internacionais revelam informações importantes

Resolver o problema da fraude no conta-quilómetros não é tarefa fácil. Veículos usados movimentam-se por toda a Europa, seguindo geralmente a direção de Oeste para Leste. O especialista automóvel da carVertical, Matas Buzelis, salienta que, quando um veículo é importado por uma pessoa desonesta, esta tenta aumentar as próprias margens de lucro, fazendo retroceder os valores do conta-quilómetros ou ocultando danos sofridos pelo veículo.

A carVertical, empresa de dados do setor automóvel, calculou o montante pago em excesso na compra de veículos com quilometragens falsificadas em determinados países. Só na Polónia, os condutores pagam, pelo menos, 1,1 mil milhões de euros por ano em excesso, seguidos dos compradores de automóveis usados em França, que pagam anualmente 0,8 mil milhões de euros a mais do que deviam. Em Itália, os compradores de automóveis usados gastam mais de 720 milhões de euros em automóveis manipulados. Mas estes são apenas 3 mercados da União Europeia, restando analisar alguns países ainda maiores.

A transparência do mercado de veículos usados é um problema que há muito preocupa políticos e dirigentes, mas até à data não foi encontrada uma única solução que revolucionasse o sistema. Segundo Buzelis, quase não houve tentativas de combater os burlões. Esta situação originou uma forte procura por produtos digitais baseados em dados, como os serviços de verificação do historial automóvel.

“Não é fácil resolver o problema da fraude do conta-quilómetros. Os compradores atentos conseguem identificar peças incompatíveis ou imperfeições e suspeitar do estado do veículo. Mas as pessoas sem experiência ficam numa posição bastante vulnerável – podem vir a descobrir que os veículos que compraram há pouco tempo estão longe de ser o que esperavam. Explorar dados internacionais sobre quilometragem, danos, propriedade, e registo, provenientes de mais de 40 países, pode ser útil, especialmente para quem ainda só utilizou a verificação do histórico no seu mercado local. A verdade é que muitos mercados estão repletos de veículos importados”, explicou Matas Buzelis, da carVertical.

Prioridade máxima: fiabilidade, segurança e escalabilidade dos dados

Os dados reais e autênticos já estão a proteger milhões de compradores de automóveis na região, com informações seguras e fidedignas que ajudam a contornar potenciais problemas.

“São os dados que ajudam a avaliar o estado de um automóvel e facilitam mais do que nunca a decisão de compra. Trabalhar com fontes de dados fidedignas e seguras provou ser um excelente método. A melhor parte é que ninguém consegue editar ou apagar informações sobre um determinado automóvel. Este facto desencoraja fortemente a fraude. Os criminosos sabem que não conseguem corrigir o historial dos seus veículos adulterados”, afirmou.

Buzelis salienta ainda que trabalhar com autoridades responsáveis pela aplicação da lei, com bases de dados da polícia nacional, instituições financeiras, registos nacionais ou estatais, organizações sem fins lucrativos, e parceiros comerciais (como sites de classificados automóveis ou grandes concessionários), cria inúmeros desafios que têm de ser processados por profissionais de TI antes de as informações poderem ser consideradas úteis pelos compradores de veículos usados