Facilitar emissão de vistos para cidadãos russos tornou-se “risco para a segurança” da Europa, diz Borrell

Esta quarta-feira, os ministros dos Negócios Estrageiros dos 27 Estados-membros da União Europeia, reunidos em Praga, na República Checa, acordaram em acabar com o acordo de facilitação de emissão de vistos europeus para cidadãos russos.

Esse acordo foi estabelecido entre Bruxelas e Moscovo “na primeira década deste século”, segundo explicou o ministro português João Gomes Cravinho, salientando que foi criado no quadro de uma parceria estratégia com a Rússia, um contexto que hoje “já não existe” e que, por isso, “não há razão nenhuma para termos, em relação à Rússia, um mecanismo de facilitação de vistos que nós também não temos com tantos outros países do mundo”.

Depois de se ter declarado em oposição a uma proibição total da emissão de vistos para que cidadãos russos possam viajar para a UE, defendendo uma solução mais branda, Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, afirma agora que o aumento o número de entradas de russos em solo europeu, que se tem registado particularmente desde julho, é “um risco para a segurança” da Europa, especialmente dos Estados-membros que estão mais próximos da Rússia.

“Temos assistido a inúmeros russos a viajar por lazer e para fazer compras, como se não houvesse uma guerra na Ucrânia”, salienta Borrell, explicando que foi por isso que os ministros dos 27 decidiram romper com o acordo de facilitação da emissão de vistos para cidadãos da Rússia.

“Isto irá reduzir significativamente o número de vistos emitidos pelos Estados-Membros da União Europeia”, diz o diplomata, reconhecendo que “o processo será mais difícil e mais demorado”.

Borrell indica que, com a nova postura europeia, deverá esperar-se “um número de novos vistos substancialmente reduzido”. E garante que “não queremos isolar-nos daqueles russos que são contra a guerra na Ucrânia”, nem “queremos isolar-nos da sociedade civil russa”, pelo que uma limitação, e não uma proibição total, é a solução mais equilibrada.

O diplomata disse ainda que os passaportes emitidos nas regiões ucranianas ocupadas pelas forças russas “não serão reconhecidos” pela União Europeia.

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