
Explosões misteriosas em petroleiros sacodem o Mediterrâneo: O que está por trás destes ataques?
Uma série de ataques misteriosos com minas contra petroleiros tem causado grande apreensão no setor de transporte marítimo mundial. Até agora, cinco navios foram alvo de explosões deliberadas em 2025, sendo a maioria dos incidentes registada no Mediterrâneo e um no Mar Báltico. Os petroleiros afetados ancoraram posteriormente em portos russos, o que levanta suspeitas e motiva investigações.
O episódio mais recente ocorreu na semana passada, quando o petroleiro grego Vilamoura sofreu uma explosão na casa de máquinas enquanto navegava ao largo da costa da Líbia. Apesar da gravidade do ataque — que inundou a casa de máquinas e tornou o navio incontrolável — não houve feridos nem derramamento de óleo. O Vilamoura transportava cerca de um milhão de barris de petróleo bruto, revela o ‘elEconomista’.
Esses ataques ocorrem num momento em que a escalada das tensões geopolíticas torna a navegação comercial ainda mais perigosa. Petroleiros gigantes, com mais de 300 metros de comprimento, são alvos estratégicos por carregarem a energia que movimenta a economia global. Qualquer interrupção no transporte pode causar graves impactos económicos, ambientais e humanos.
Historicamente, ataques contra navios já foram protagonizados por grupos como os rebeldes Houthi no Iémen, que realizam ataques no Mar Vermelho para pressionar em conflitos no Médio Oriente. No entanto, os casos recentes parecem afastar-se desse contexto tradicional. Todos os petroleiros atingidos em 2025 atracaram em portos russos que recebem petróleo do Cazaquistão, país não sujeito a sanções internacionais. Isso levou especialistas a considerar a possibilidade de envolvimento da Ucrânia, que já realizou operações contra o comércio de petróleo russo.
Quatro dos navios pertencem a armadores gregos e cipriotas, alguns acusados de apoiar a Rússia ao operar na rota do petróleo russo. O Vilamoura integra a frota do Grupo Cardiff, de George Economou; o Seacharm e o Seajewel pertencem à Thenamaris, controlada por Nikolas Martinos; enquanto o Grace Ferrum é da empresa cipriota Cymare. O petroleiro Koala sofreu danos em uma explosão no porto russo de Ust-Luga.
Apesar de Kiev não ter assumido oficialmente a autoria dos ataques, a sua inteligência classificou o Vilamoura como parte da “frota fantasma” russa — navios usados para driblar sanções internacionais. Isso reforça a hipótese de que a sabotagem procura dificultar o transporte de petróleo que financia a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Caso os ataques se mantenham, há risco de as tripulações e empresas evitarem o transporte de petróleo russo, ou exigirem prémios de risco elevados, o que poderia reduzir significativamente as receitas da Rússia e agravar sua crise económica.