
Exploração do maior depósito de lítio do mundo é um risco ambiental e pode destruir ecossistema, alertam cientistas
O Salar de Uyuni – o deserto de sal na Bolívia – detém a maior reserva de lítio do mundo: no entanto, de acordo com investigadores da Duke University (EUA), a mineração pode ameaçar os ecossistemas locais. De acordo com o estudo, as lagoas de evaporação de salmoura de lítio podem aumentar significativamente os níveis de arsénio, o que representa um risco para a vida selvagem e as águas subterrâneas.
“O Salar é um lugar mágico para viajantes de todo o mundo que vêm para ver as cores e os reflexos nesta paisagem branca sem fim”, apontou Avner Vengosh, da Universidade Duke. O que a maioria dos turistas não vê é a vasta reserva de lítio sob os seus pés. Preso em sedimentos e sais que se estendem até 50 metros abaixo da superfície, este tesouro inexplorado pode tornar-se um recurso crucial para o setor da energia renovável.
Os académicos Vengosh e Gordon Williams têm trabalhado para entender as potenciais implicações ambientais da mineração de lítio, tanto nos EUA quanto no exterior. Num estudo publicado na ‘Environmental Science & Technology Letters’ em janeiro último, os especialistas conduziram a primeira análise química completa de águas residuais associadas à mineração de salmoura de lítio no Salar de Uyuni.
A extração de lítio no Salar de Uyuni está em estágios preliminares. No entanto, estudos mostraram que a mineração de salmouras de lítio a longo prazo em outras salinas, como o Salar de Atacama no Chile, pode fazer com que os níveis de água subterrânea diminuam e a terra afunde. Tais impactos podem afetar o futuro da mineração de lítio no Salar de Uyuni, segundo Vengosh.
Os estudos dos especialistas apontou níveis de arsénio em quase 50 partes por milhão – cerca de 1.400 vezes mais alto do que o padrão considerado ecologicamente aceitável pela Agência de Gestão Ambiental dos EUA. “Este nível de arsénio é extremamente alto”, observou Vengosh. “O meu grupo trabalhou no mundo todo — em África, Europa, Vietname, Índia — e acho que nunca medimos esse nível de arsénio.”