
Explicador: Quais os cenários possíveis nas eleições na Alemanha e que coligações devem surgir?
A Alemanha prepara-se para eleições federais antecipadas a 23 de fevereiro de 2025, na sequência do colapso da coligação governamental liderada pelo chanceler Olaf Scholz. As sondagens indicam uma liderança significativa da União Democrata-Cristã (CDU/CSU), sob a direção de Friedrich Merz, mas a formação de uma coligação será essencial para assegurar uma maioria governativa.
Cenários de coligação mais prováveis
A complexidade do sistema político alemão e a fragmentação partidária atual apontam para várias possibilidades de coligação pós-eleitoral:
Grande Coligação (CDU/CSU e SPD)
Uma aliança entre a CDU/CSU e o Partido Social-Democrata (SPD) é considerada o desfecho mais provável. Estas duas forças políticas já governaram juntas em quatro ocasiões desde a Segunda Guerra Mundial, três delas sob a liderança de Angela Merkel. Contudo, divergências significativas persistem: enquanto a CDU/CSU defende cortes fiscais abrangentes, o SPD propõe aumentar impostos para rendimentos elevados e reintroduzir um imposto sobre a riqueza. Estas diferenças podem dificultar a implementação de reformas profundas, embora haja potencial para um consenso na flexibilização da regra do “travão da dívida”.
Coligação “Kiwi” (CDU/CSU e Verdes)
Uma possível coligação entre a CDU/CSU e os Verdes enfrenta desafios devido a divergências em políticas internas, especialmente em relação à migração. Recentemente, Merz aprovou uma moção para intensificar o combate à migração irregular, com o apoio da Alternativa para a Alemanha (AfD), o que aprofundou o fosso entre a CDU/CSU e os Verdes. Markus Söder, líder da União Social-Cristã (CSU), tem reiteradamente descartado esta coligação. Embora sem precedentes a nível nacional, esta aliança governa atualmente em três estados alemães.
Coligação “Quénia” (CDU/CSU, SPD e Verdes)
Caso partidos menores, como os Democratas Livres (FDP) e a Esquerda (Die Linke), ultrapassem o limiar de 5% para entrar no parlamento, e nenhuma coligação bipartidária consiga uma maioria, uma coligação “Quénia” pode ser considerada. Esta aliança, que reúne CDU/CSU, SPD e Verdes, é rara a nível estadual e enfrenta desafios significativos devido às diferenças ideológicas entre os partidos envolvidos.
Coligação “Alemanha” (CDU/CSU, SPD e FDP)
Outra combinação possível é a coligação “Alemanha”, que inclui CDU/CSU, SPD e FDP. No entanto, encontrar um terreno comum entre o FDP e o SPD pode ser difícil, especialmente após disputas orçamentais que contribuíram para a queda da coligação anterior e levaram à convocação de eleições antecipadas.
Governo Minoritário
Embora alguns estados alemães tenham experienciado governos minoritários que procuram parceiros diferentes para cada legislação, esta situação nunca ocorreu a nível federal no início de um novo período legislativo. A possibilidade de instabilidade tem levado os partidos a evitar esta opção. No entanto, dada a complexidade crescente na formação de coligações coerentes, alguns políticos sugerem considerar esta alternativa. Friedrich Merz mencionou em 2017 que os partidos não deveriam excluir a possibilidade de um governo minoritário, embora não tenha comentado recentemente sobre o assunto.
A força crescente da AfD, partido de extrema-direita com o qual os outros partidos recusam colaborar oficialmente, complica ainda mais o processo de formação de coligações. A fragmentação do parlamento, especialmente se partidos menores ultrapassarem o limiar de 5%, pode obrigar Merz a procurar dois parceiros de coligação, aumentando a complexidade das negociações.
As negociações pós-eleitorais prometem ser prolongadas e complexas, com compromissos necessários para superar as divergências políticas e ideológicas entre os potenciais parceiros de coligação. A capacidade dos líderes partidários para encontrar um terreno comum será crucial para garantir a estabilidade governativa na Alemanha após as eleições de fevereiro de 2025.