Explicador: Como é que a Europa quer abandonar o petróleo da Rússia? A solução é o “investimento massivo em energia renovável”

Os 27 Estados-Membros chegaram a um acordo para um sexto pacote de sanções contra a Rússia, que prevê o corte de 90% das importações para a União Europeia (UE) até ao final do ano. Bruxelas diz que “investimentos inteligentes” nas renováveis são essenciais para alcançar independência energética.

Para se “livrar do combustível fóssil russo”, a Comissão Europeia aponta a estratégia REPowerEU como um eixo central dessa transição e elenca quatro pilares fundamentais: poupança de energia, diversificação de fontes para se afastar dos combustíveis fósseis da Rússia, investimento massivo em energia renovável e financiamento.

“Pequenas alterações na nossa utilização de energia podem também ter um impacto positivo”, aponta a Comissão em publicação na rede social Twitter, explicando que essas alterações poderão ajudar a reduzir os preços da energia.

O executivo europeu aponta também que o plano implica alterações estruturais ao nível dos processos industriais, das instalações de aquecimento e arrefecimento e do transporte. Acrescenta que uma plataforma de compras conjuntas de gás natural e hidrogénio já está em funcionamento e destaca a importância do reforço das importações de energia de outros parceiros, como os Estados Unidos, Egito, Qatar e Azerbaijão.

A Comissão aponta que atualmente a UE conta com uma reserva de gás natural a 44%, face aos 40% de 2021.

“Um desenvolvimento massivo e rápido das renováveis irá acelerar a nossa independência energética e a transição verde”, diz a Comissão Europeia, explicando que a estratégia REPowerEU irá “acelerar o processo de licenciamento de projetos e infraestruturas de energia renovável”.

Para substituir o gás fóssil, a Comissão Europeia apresenta como alternativas centrais as energias solar e eólica, bem como o hidrogénio e o biometano. Contudo, Bruxelas alerta que podem existir obstáculos à concretização dessa independência energética dos combustíveis fósseis e ao desenvolvimento das renováveis, como a atual estrutura das redes elétricas, o acesso às matérias-primas e as possíveis disrupções nas cadeias de abastecimento desses materiais essenciais à transição.

Recorde-se que a ‘Executive Digest’ publicou, em maio, uma reportagem na qual especialistas em recursos minerais tinham alertado que a transição energética na Europa só poderia ser concretizada com o desenvolvimento de capacidades internas robustas de exploração e transformação de recursos geológicos. Vários minerais, como os elementos de terras raras, são essenciais ao fabrico de tecnologia de produção de energia de fontes renováveis, e, de momento, a União Europeia está quase totalmente dependente de importações, o que expõe a região aos interesses de países como a China, um dos principais exportadores de terras raras e outros minerais.

A Comissão Europeia revela que a estratégia REPowerEU mobiliza um financiamento de 300 mil milhões de euros, sendo que 225 mil milhões estão alocados ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência. “Mas para acabar com a nossa dependência dos combustíveis fósseis da Rússia precisamos de uns adicionais 210 mil milhões de euros”, frisa o órgão executivo.

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