Explicador: Cinco anos depois da Covid, o que mudou na habitação? Este é o retrato português

Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, o mercado de arrendamento em Portugal apresenta sinais de maior dinamismo, mas continua longe de satisfazer a crescente procura.

Entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2025, a oferta de casas para arrendar aumentou 72%, mas foi insuficiente para acompanhar a procura, que subiu 81%. O desequilíbrio entre oferta e procura fez disparar as rendas em 43%, segundo dados do idealista/data.

Apesar das várias mudanças legislativas no setor — desde a suspensão de despejos durante o estado de emergência até à entrada em vigor do pacote Mais Habitação e à posterior reversão de algumas dessas medidas pelo atual Governo —, o mercado continua pressionado. A herança mais positiva deixada pelo anterior executivo foi a descida da taxa aplicada sobre as rendas habitacionais de 28% para 25%.

Segundo o idealista/data, o número de casas disponíveis para arrendamento de longa duração (contratos de um ano ou mais) atingiu um novo máximo histórico, com 38.184 imóveis listados no primeiro trimestre de 2025. Ainda assim, esse crescimento ficou aquém da procura, impulsionada, em grande parte, pela chegada de imigrantes ao país.

O resultado? Rendas mais elevadas. A mediana nacional atingiu os 16,6 euros por metro quadrado, um aumento de 43% face ao início da pandemia.

 

Capitais de distrito com crescimentos distintos

A análise por cidades revela disparidades significativas. Lisboa lidera a oferta, com mais de 10 mil casas disponíveis, seguida do Porto, com mais de 5.500. Ainda assim, a procura na capital aumentou 92%, absorvendo grande parte da nova oferta. Já em cidades como Bragança, Vila Real, Viseu e Beja, a oferta mais do que duplicou.

A procura por arrendamento cresceu em todas as 18 cidades analisadas — com destaque para Bragança (+470%), Évora (+393%) e Ponta Delgada (+372%) — enquanto Faro, Ponta Delgada e Funchal foram as únicas localidades onde a oferta diminuiu.

Rendas continuam a subir

A tendência de subida das rendas foi generalizada, com Bragança a ser a única cidade onde os preços recuaram (-22%, para 6 euros/m²). No extremo oposto, o Funchal registou o maior aumento (+93%), seguido de Coimbra (+74%) e Vila Real (+73%).

Lisboa continua a ser a cidade mais cara para arrendar, com um valor mediano de 22 euros/m², seguida do Porto (17,5 euros/m²), Funchal (15,9 euros/m²), Faro (14,2 euros/m²) e Setúbal (12,3 euros/m²).

Apesar das recentes medidas de incentivo à compra de habitação — como a isenção de IMT e a garantia pública para jovens até aos 35 anos —, o arrendamento mantém-se como uma opção habitacional relevante para muitas famílias. Mas os dados mostram que, sem um aumento substancial da oferta, a pressão sobre os preços dificilmente irá abrandar.