
Exército regista aumento de 60% nas incorporações e inverte tendência de queda
O Exército português incorporou, em fevereiro, um total de 311 novos militares na categoria de Praças, um número recorde desde a criação do novo Quadro Permanente (QP) de Praças, em 2023. A informação foi avançada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Eduardo Mendes Ferrão, que destacou este crescimento como um sinal positivo para a estabilização dos efetivos, após anos de redução contínua.
Segundo um porta-voz do Exército, citado pelo Diário de Notícias, este aumento representa uma “inversão da descida dos efetivos na categoria de praças”, que se vinha verificando desde o último trimestre de 2024. A tendência de crescimento começou a notar-se a partir de outubro do ano passado, indicando que as medidas implementadas para reforçar o recrutamento estão a produzir efeitos. No regime de contrato, foram admitidos 247 militares, um crescimento de 60% face à média dos últimos três anos, que era de 156 recrutas anuais. Já no Quadro Permanente, foram preenchidas 109 vagas das 110 disponíveis, com 64 candidatos oriundos do exterior e 45 provenientes de funções civis dentro do Exército.
O concurso deste ano para o Quadro Permanente registou ainda um número recorde de 626 candidatos, ou seja, seis candidatos por vaga. Nos dois concursos anteriores, realizados em 2024, os números tinham ficado pelos 475 e 588 candidatos. Esta procura crescente sugere uma maior atratividade pela carreira militar, algo que já havia sido antecipado pelo general Mendes Ferrão numa entrevista ao Diário de Notícias/TSF em outubro passado. Na altura, o responsável pelo Exército previu que 2024 marcaria o fim da tendência de redução de efetivos que se verificava desde 2011. “Vamos terminar 2024 com os mesmos efetivos com que começámos 2023. Isto, para nós, é um indicador muito claro de que estamos a fazer melhor as coisas”, afirmou.
A revelação destes números ocorreu na terça-feira, durante a cerimónia de assinatura de um contrato de 31 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para a criação de 427 alojamentos destinados a militares e a requalificação de dois estabelecimentos de ensino: o Colégio Militar e os Pupilos do Exército. O evento contou com a presença dos ministros da Defesa, Nuno Melo, e da Coesão, Castro Almeida.
O ministro da Defesa salientou que este investimento faz parte de um conjunto mais amplo de medidas para valorizar a carreira militar, incluindo os aumentos salariais decorrentes da equiparação do subsídio de condição militar ao suplemento de risco das forças de segurança. “Conseguimos estagnar as saídas, há uma inversão de ciclo mau. Um conjunto de medidas conjugadas valorizam a condição militar e, desde logo, mostram aos jovens que vale a pena optarem por uma carreira nas Forças Armadas”, sublinhou Nuno Melo. O governante destacou ainda a importância do apoio à habitação para atrair e reter militares, referindo que os novos alojamentos terão uma renda mensal de 45 euros, beneficiando cerca de 600 famílias.