
Ex-deputado do Chega suspeito de roubar malas ainda não foi ouvido pelas autoridades (mesmo com imunidade parlamentar levantada)
O ex-deputado do Chega, Miguel Arruda, suspeito de envolvimento no furto de malas no aeroporto de Lisboa, ainda não foi ouvido pelas autoridades, apesar de já não gozar de imunidade parlamentar há várias semanas. O ex-parlamentar, que se desvinculou do Chega em janeiro e passou a deputado não inscrito, está ausente do Parlamento e deverá ter apresentado baixa médica novamente.
Segundo avança o canal Now, Miguel Arruda deslocou-se recentemente para São Miguel, nos Açores, tendo falhado momentos cruciais na Assembleia da República, incluindo a votação da Moção de Confiança, que acabou por ser chumbada esta terça-feira e determinar a queda do Governo liderado por Luís Montenegro.
Apesar de a sua imunidade ter sido formalmente levantada, fontes próximas do deputado afirmam que este ainda não teve qualquer contacto com as autoridades. No entanto a expetativa é que Miguel Arruda seja ouvido nas próximas semanas no âmbito do processo, onde deverá ser confrontado com provas como imagens de videovigilância que alegadamente registaram os furtos.
O processo teve um avanço significativo no mês passado, a 20 de fevereiro, quando a Assembleia da República confirmou, em sessão plenária, o levantamento da imunidade de Miguel Arruda, permitindo assim que o ex-deputado pudesse ser formalmente interrogado pelas autoridades.
No dia anterior, a Comissão de Transparência havia aprovado, por unanimidade, o parecer que sustentava essa decisão, na sequência de um pedido feito pelo Tribunal Central de Investigação Criminal no final de janeiro. O tribunal pretende inquiri-lo na qualidade de arguido no âmbito de um caso que envolve o furto de pelo menos oito malas no aeroporto de Lisboa.
Miguel Arruda enfrenta a acusação de oito crimes de furto qualificado, um crime que, segundo o Código Penal, pode levar a uma pena de prisão até cinco anos. Neste tipo de situação, o levantamento da imunidade parlamentar é automático, permitindo que a investigação avance sem necessitar de aprovação do visado.
Apesar da gravidade das acusações, Arruda tem mantido um perfil discreto, evitando pronunciamentos públicos sobre o caso, mas sempre garantiu estar inocente dos crimes que lhe são imputados. A sua ausência reiterada das sessões parlamentares e a alegada baixa médica têm suscitado críticas entre alguns setores políticos, que exigem celeridade na investigação e uma resposta mais firme por parte das autoridades.