Europa não baixa armas na guerra comercial com Trump e vai reduzir as importações de aço dos EUA em 15%

A União Europeia (UE) anunciou que vai reduzir em 15% as cotas de importação de aço a partir de abril. A medida visa conter o avanço de produtos siderúrgicos importados no mercado europeu, especialmente após os EUA terem implementado novas tarifas comerciais.

A decisão foi comunicada esta quarta-feira por Stephane Sejourne, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, revela a ‘Reuters’.

A iniciativa responde a preocupações dos produtores europeus, que enfrentam custos elevados de energia e forte concorrência de regiões como Ásia e América do Norte. Setores da indústria alertam que a UE corre o risco de se tornar um destino de dumping para o aço desviado do mercado norte-americano, o que poderia comprometer a viabilidade das siderúrgicas europeias.

Os EUA impuseram uma tarifa de 25% sobre a importação de aço, tornando o mercado americano menos atrativo para produtores do Canadá, Índia e China, que podem redirecionar as suas exportações para a Europa. Em resposta, a Comissão Europeia está a desenvolver um novo Plano de Ação Europeu para aço e metais, que incluirá restrições às importações.

As cotas de importação são mecanismos de salvaguarda que determinam os volumes que podem entrar na UE sem tarifas adicionais. Desde 2019, esses limites aumentaram mais de 25%, em conformidade com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). No ano passado, o bloco europeu importou cerca de 60 milhões de toneladas de aço, das quais 30 milhões dentro da cota livre de tarifas.

A Comissão Europeia também pretende apresentar, no terceiro trimestre deste ano, um novo mecanismo para substituir as salvaguardas atuais, que expiram em junho de 2026. Segundo a vice-presidente executiva da Comissão Europeia, o próximo sistema será mais rigoroso. A UE pretende ainda rever, em 2026, as regras de compras públicas para privilegiar o aço europeu, revela a mesma fonte.

Outro ponto importante é a implementação da “regra de derretimento”, que impedirá que importadores modifiquem artificialmente a origem do metal através de transformações mínimas. A Comissão Europeia também está a desenvolver um programa piloto com o Banco Europeu de Investimento para assegurar contratos de energia de longo prazo, favorecendo os produtores de aço e alumínio.