EUA querem fechar acordo com a China sobre terras raras em encontro decisivo em Londres

Os Estados Unidos estão à procura de um “aperto de mão” simbólico e definitivo com a China para selar um acordo sobre terras raras, alcançado previamente entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. O encontro está a decorrer esta segunda-feira em Londres, onde os três principais negociadores comerciais norte-americanos se reúnem com os seus homólogos chineses para tentar resolver um dos dossiês mais sensíveis da atual guerra comercial entre as duas potências.

O objetivo é claro: garantir o compromisso da China com o entendimento bilateral sobre a exportação destes minerais críticos para a economia global. “O propósito do encontro de hoje é garantir que eles estão a levar isto a sério, mas sobretudo conseguir um aperto de mão literal”, afirmou Kevin Hassett, conselheiro económico da Casa Branca e diretor do Conselho Económico Nacional, numa entrevista à cadeia CNBC.

Segundo Hassett, “espero que seja uma reunião curta, mas com um grande e firme aperto de mão” — sinal inequívoco de que os termos acordados entre os líderes dos dois países serão respeitados no terreno.

As terras raras, um conjunto de 17 elementos químicos essenciais à produção de componentes eletrónicos, automóveis elétricos, baterias, turbinas e equipamentos militares, estão no centro das preocupações de Washington. A China controla a esmagadora maioria da produção e exportação mundial destes materiais, o que lhe confere um poder estratégico sobre cadeias de abastecimento globais — incluindo nos Estados Unidos.

Segundo Hassett, os recentes controlos à exportação impostos por Pequim foram um dos principais pontos de discórdia nas negociações comerciais em curso. “Com a China a controlar a maior parte da oferta global de terras raras e de ímanes, as restrições à sua exportação para os EUA podem paralisar a produção de empresas americanas, incluindo fabricantes de automóveis”, alertou o conselheiro.

Questionado sobre se os EUA pretendem aliviar, em contrapartida, os seus próprios controlos à exportação de semicondutores — outra frente sensível das relações comerciais — Hassett adiantou: “A nossa expectativa é que, depois do aperto de mão, imediatamente após, qualquer controlo à exportação por parte dos EUA será atenuado, as terras raras serão liberadas em volume, e poderemos regressar à negociação de questões menores.”

O encontro de Londres reúne o secretário do Tesouro Scott Bessent, o secretário do Comércio Howard Lutnick e o representante comercial norte-americano Jamieson Greer. O grupo está incumbido de consolidar o entendimento bilateral e evitar uma escalada na disputa comercial, que nas últimas semanas se alargou a setores estratégicos e sensíveis para ambas as economias.

Este desenvolvimento surge num contexto de crescente tensão entre Washington e Pequim, que têm travado uma guerra comercial marcada por tarifas, sanções e restrições mútuas a tecnologias críticas. O controlo de matérias-primas como as terras raras representa um instrumento de poder económico e geopolítico, tornando o acordo um passo crucial para a estabilidade dos mercados e das cadeias industriais.