EUA consideram adesão da Ucrânia à NATO “irrealista” e descartam envio de tropas

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, classificou como “irrealista” a possibilidade de a Ucrânia aderir à NATO, afirmando que perseguir esse objetivo “só prolongará a guerra e causará mais sofrimento”. As declarações foram feitas esta terça-feira, à entrada da reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, um fórum internacional que coordena o apoio militar a Kiev.

De acordo com a CNN, Hegseth reiterou que os EUA continuam a apoiar uma “Ucrânia soberana e próspera”, mas rejeitou qualquer perspetiva de regresso às fronteiras anteriores a 2014 — ano em que a Rússia anexou a Crimeia. “Os EUA não acreditam que a adesão da Ucrânia à NATO seja o resultado realista de um acordo”, afirmou.

Além de afastar essa possibilidade, o chefe do Pentágono garantiu que os Estados Unidos não irão enviar tropas para a Ucrânia como parte de qualquer compromisso de segurança. “Nenhum soldado norte-americano será destacado para a Ucrânia”, sublinhou.

Durante a reunião, Pete Hegseth deixou ainda claro que Washington não pretende manter a Europa como a sua prioridade em termos de segurança internacional. “As realidades estratégicas impedem os Estados Unidos da América de se concentrarem principalmente na segurança da Europa”, declarou.

Estas palavras refletem uma mudança de tom por parte da administração norte-americana, que tem sido um dos principais apoios da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. A afirmação surge num contexto de incerteza sobre a continuidade da ajuda militar a Kiev, devido a divisões internas nos EUA e à aproximação das eleições presidenciais de novembro.

Pete Hegseth encontra-se numa deslocação de uma semana à Alemanha, Bélgica e Polónia, com o objetivo de “reforçar a dissuasão, apoiar os combatentes e promover os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, segundo o Departamento de Defesa norte-americano.

Apesar da posição firme relativamente à NATO, o secretário da Defesa garantiu aos aliados europeus que Washington continua comprometido com a defesa do continente. “O senso comum dita que defendamos a nossa vizinhança, e os norte-americanos juntar-se-ão a vós nessa defesa”, acrescentou.