EUA: “Coexistência de uma administração democrata e de um senado/congresso republicano limita a despesa do estado”, diz analista
As eleições intercalares norte-americanas que decorreram na terça-feira, e cujos resultados ainda estão a ser apurados, vão decidir qual o partido que controlará o Congresso nos dois últimos anos do mandato do Presidente Joe Biden, estando também em jogo, entre outros cargos, 36 governos estaduais.
Em disputa estão todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes, onde os democratas atualmente têm uma estreita maioria de cinco assentos, e ainda 35 lugares no Senado, onde os democratas têm uma maioria apenas graças ao voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris.
Ricardo Evangelista, analista da ActivTrades, explica que, neste momento, ainda é incerto qual será o resultado final das eleições.
“Talvez por isso faça sentido oferecer um enquadramento histórico: Olhando para o passado, o período pós-intercalares, independentemente dos resultados, tende a ser positivo nos mercados, com subidas em 17 das últimas 19 eleições. Fazendo uma análise ainda mais granular, constatamos que o cenário de divisão, com o congresso nas mãos dos republicanos e a presidência democrata, tende a ser o mais positivo para os mercados.”
O analista refere que “a coexistência de uma administração democrata e de um senado/congresso republicano limita a despesa do estado, o que acaba por permitir maior flexibilidade na política monetária, o que é sempre bom para os mercados. Uma hegemonia democrata poderia levar a ainda maiores gastos em estímulos, o que colocaria mais pressão na Fed para subir mais as taxas de juro”.
No entanto, refere alguns riscos, nomeadamente o facto de a atual administração ter que “enfrentar um congresso e/ou senado hostil, que dificultará por exemplo a aprovação do teto da dívida; um cenário que levado ao limite paralisaria a administração pública e seria negativo para os mercados”.
Em jeito de conclusão, Ricardo Evangelista faz uma compilação de potenciais desfechos para as eleições intercalares.
“Se os democratas garantirem o Senado e os Republicanos ficarem com o congresso, talvez o cenário mais provável, não antevejo reações significativas dos mercados. Num cenário de vitória Republicana nas duas câmaras, tornar-se-á impossível a subida dos impostos que a presidência de Joe Biden gostaria de ver aprovada, o que será positivo para os resultados das empresas. Na energia, será provável que a mudança para um paradigma de energia limpa, mais defendido pelo lado democrata, sofra um retrocesso, beneficiando as empresas do setor energético tradicional. Também o setor da defesa, embora em menor grau devido ao suporte dos dois partidos por uma postura assertiva no plano militar, deverá beneficiar, embora de forma marginal, de uma potencial vitória republicana nas duas câmaras.”