Estudo conclui que maioria dos trabalhadores experiencia mais do que uma vulnerabilidade à Covid-19
Uma investigação publicada na revista ‘PLOS Global Public Health’ mostra que a Covid-19 teve um efeito grave e devastador na saúde física e mental em indivíduos dos EUA e que causou dificuldades económicas em certas populações, mais especificamente em trabalhadores essenciais e mulheres, afetados por uma série de fatores relacionados.
“A maioria das investigações relativas às disparidades da Covid-19 focam-se em fatores individuais, mas poucas exploraram as relações complexas entre os vários fatores que deixam as pessoas vulneráveis à pandemia e às condições que esta criou”, diz Ariadna Capasso, uma das autoras do estudo.
Os investigadores aplicaram uma abordagem onde analisaram respostas de um inquérito feito a 2800 trabalhadores norte-americanos em abril de 2020. Entre as questões feitas, os temas estavam relacionados com cuidados de saúde, emprego, rendimentos, saúde mental e o sítio onde vivem.
Foram identificados três focos de vulnerabilidade: receios financeiros, como a perda de rendimentos ou a possibilidade de trabalhar a partir de casa; os obstáculos aos cuidados de saúde, como a inexistência de seguros ou de uma licença paga por doença; e finalmente a saúde mental.
Segundo as conclusões do estudo, nove em cada 10 trabalhadores experienciaram pelo menos uma destas vulnerabilidades, 42% experienciou duas destas vulnerabilidades e 15% reportaram ter experienciado as três.
Dos grupos mais afetados fazem parte os trabalhadores essenciais, os residentes rurais e as mulheres.
No grupo dos trabalhadores essenciais, a vulnerabilidade mais experienciada foi a financeira, e isso pode acontecer devido á instabilidade laboral, que lhes dá menos possibilidade de, por exemplo, ter direito a licença por doença.
“Cada um destes fatores não acontecem sozinhos”, diz Yesim Tozan, outra das autoras do estudo. “As nossas conclusões enfatizam como as vulnerabilidades financeiras, de saúde mental e de acesso a cuidados de saúde estão correlacionadas e contribuem para as disparidades relacionadas com a Covid-19 que os trabalhadores experienciam.”