Esteja atento a estes sinais na altura de dar a primeira dentada: Especialistas alertam para práticas de risco em restaurantes de fast food

Um recente surto de Escherichia coli (E. coli) nos Estados Unidos está a preocupar as autoridades de saúde e especialistas em segurança alimentar, que têm identificado sinais de alerta em restaurantes de fast food. O incidente envolveu a gigante McDonald’s, onde cerca de 75 pessoas de 13 estados foram infetadas após consumirem o Quarter Pounder, um dos produtos icónicos da marca. Entre os infetados, 22 pessoas foram hospitalizadas e um homem mais idoso, no estado do Colorado, acabou por falecer. Outros dois infetados encontram-se em estado crítico devido a lesões renais graves causadas pela bactéria.

As autoridades de saúde apontam para a possibilidade de que a causa da contaminação esteja nas cebolas cortadas utilizadas no hambúrguer, que já foram retiradas de vários estabelecimentos do McDonald’s, bem como de outras cadeias de fast food, incluindo o Burger King. Mitzi Baum, diretora da organização Stop Foodborne Illness, alertou que todos os elos da cadeia alimentar, “desde as quintas que produzem os ingredientes até aos restaurantes que servem a comida”, devem dar prioridade à segurança alimentar para evitar surtos como este. Em declarações ao Daily Mail, Baum enfatizou a importância da segurança em todas as etapas do processo.

A especialista Dr. Shanina Knighton, professora associada de pesquisa na Universidade Case Western Reserve, recomenda que os clientes fiquem atentos a práticas inadequadas nos restaurantes, especialmente aqueles que utilizam um modelo de “preparar e servir” à vista do cliente, como o Chipotle e o Sweetgreen. “Pessoalmente, evito restaurantes onde as refeições são montadas na nossa frente, pois já observei funcionários alternando entre tarefas como manusear utensílios, alimentos e máquinas de pagamento, sem lavar as mãos ou trocar de luvas”, afirmou Knighton. Segundo ela, o manuseio de cartões de crédito e de ecrãs de pagamento aumenta consideravelmente o risco de contaminação cruzada.

Knighton chamou ainda a atenção para a proximidade dos dispensadores de desinfetante em relação à área de preparação de alimentos e às caixas registadoras, pois o risco de contaminação química aumenta se o desinfetante for transferido para os alimentos. Ela também abordou o problema de manipulação de condimentos: “Os condimentos pré-embalados nunca devem tocar na comida, pois frequentemente são armazenados em locais que podem não estar devidamente higienizados”, explicou. “Caso entrem em contacto com os alimentos, podem introduzir contaminantes.”

Estes riscos têm histórico. A cadeia Chipotle foi alvo de várias notícias entre 2015 e 2018, com mais de 1.110 pessoas a contrair norovírus, uma das formas mais comuns de intoxicação alimentar. O surto foi associado à adulteração dos ingredientes, que continham aditivos não declarados, usados para reduzir custos e melhorar a aparência dos pratos. Em 2015, houve ainda um surto de E. coli associado ao Chipotle, que afetou 55 pessoas em 11 estados, levando à hospitalização de 22, embora a fonte exata da contaminação nunca tenha sido encontrada. De acordo com dados recentes da plataforma Iwaspoisoned.com, que compila relatos de intoxicações alimentares, o Sweetgreen apresentou uma probabilidade 11 vezes maior de provocar doenças em comparação com a média de outros estabelecimentos.

Outro sinal de alerta mencionado pela Dr. Knighton é o uso de telemóveis por funcionários durante o trabalho. “Os telemóveis são conhecidos por serem 10 vezes mais sujos do que um assento sanitário e podem abrigar bactérias perigosas, como a E. coli”, explicou. Caso os funcionários não lavem as mãos após manusearem os telemóveis, o risco de contaminação é sério. Além disso, Knighton destaca que até as unhas postiças podem representar riscos de contaminação, uma vez que se podem prender ou rasgar nas luvas, comprometendo a eficácia da proteção.

Para o especialista Dr. Darin Detwiler, da Northeastern University, o estado das casas de banho dos restaurantes é um dos fatores essenciais a observar. “Se eles levam a sério a questão da sanidade, a casa de banho mostrará isso,” disse Detwiler, mencionando que já se deparou com casas de banho em condições tão más que optou por sair do restaurante mesmo quando tinha fome. Um inquérito realizado pela Harris Poll em 2018 revelou que dois terços dos americanos evitariam um restaurante caso as avaliações mencionassem odores nas casas de banho, e 63% disseram que não frequentariam o local se os relatos indicassem entupimentos frequentes.

Para reduzir os riscos, Knighton recomenda evitar pratos de alto risco, como legumes crus ou carnes mal cozinhadas, e aconselha a abandonar o local caso observe condições de higiene inadequadas, como funcionários a tocar em telemóveis ou superfícies mal higienizadas. A nutricionista Toby Amidor, autora do livro Health Shots, também aconselha atenção a sinais de más práticas de higiene nos restaurantes, como moscas, lixo acumulado e falta de lavagem de mãos ou uso de luvas. “Uma combinação destas práticas já pode indicar a forma como o restaurante encara a segurança alimentar”, afirmou.

Diante do atual surto, Amidor recomenda que, se houver dúvidas sobre a segurança dos alimentos, os consumidores considerem a possibilidade de cozinhar em casa até que a situação esteja resolvida. A atenção à higiene e à segurança nos restaurantes nunca foi tão importante, dado o aumento de surtos e doenças associadas ao consumo de fast food.

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