Este país quase não tem desemprego, sobram milhões nos cofres e conhece o ‘antídoto’ para acabar com a dívida pública
Na Europa das elevadas dívidas e défices fiscais, um pequeno país nórdico mostra um percurso financeiro invejável: a Dinamarca, que acumula consecutivos excedentes fiscais e reduz a sua dívida pública para níveis recordes, está a desafiar os padrões tradicionais e a surpreender os próprios bancos.
De acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Dinamarca poderá atingir 13 anos seguidos de excedentes fiscais, levando a dívida pública para apenas 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Este cenário invulgar tem criado uma “escassez” de obrigações soberanas no mercado, fundamentais para a operação de instituições financeiras, revela o ‘elEconomista’.
Fontes do setor financeiro relatam que a dívida pública dinamarquesa é ainda menor do que parece, graças à elevada liquidez que o governo tem mantido no banco central. Este “colchão financeiro” reforça ainda mais a solidez económica do país e ilustra um sucesso fiscal difícil de replicar.
Nos últimos anos, os excedentes fiscais da Dinamarca oscilaram entre 1.000 milhões de euros, mesmo em plena pandemia, e valores superiores a 13.000 milhões de euros. Estes montantes têm sido direcionados para a redução da dívida, que agora ronda os 33% do PIB – o valor mais baixo da Europa, a par do Luxemburgo.
O FMI prevê que a dívida pública continue a cair, atingindo os 27% nos próximos anos.
A força da economia dinamarquesa é sustentada por um nível de desemprego que ronda os 2,5%, e as políticas de longo prazo têm impulsionado uma participação robusta no mercado de trabalho, incluindo uma taxa elevada de emprego entre a população estrangeira. O setor farmacêutico, liderado pela Novo Nordisk e pelo sucesso global de medicamentos como Ozempic e Wegovy, tem sido um dos motores de crescimento, enquanto a Maersk, gigante do transporte marítimo, continua a reforçar as exportações.
A produção do setor farmacêutico cresceu 15% só em 2023, e o impacto no PIB é de milhares de milhões de coroas dinamarquesas. Com exportações em alta, projetadas para crescer 4% este ano, e previsões de crescimento económico na ordem dos 1,9% até ao final de 2024, a Dinamarca continua a ser um exemplo de sucesso.