Esta é a árvore mais perigosa do mundo (e dá um fruto mesmo proibido)
Nas regiões tropicais das Américas e das Caraíbas, uma árvore aparentemente inofensiva esconde um segredo letal. A mancenilheira (Hippomane mancinella), conhecida como a “árvore mais perigosa do mundo”, carrega esse título com justiça, estando até registada no Livro de Recordes do Guinness.
Com frutos apelativos, uma sombra convidativa e uma presença comum em paisagens paradisíacas, esta árvore é um perigo mortal, desde a sua seiva ao “fruto proibido”, apelidado de “maçã da morte”.
Uma história enraizada no medo
O perigo da mancenilheira foi documentado pela primeira vez por Cristóvão Colombo, que a denominou “manzanilla de la muerte” (“pequena maçã da morte”). A razão? O seu pequeno fruto verde, que se assemelha a uma maçã ou ameixa, pode ser fatal quando ingerido.
Em 2000, a radiologista britânica Nicola Strickland descreveu a sua experiência com esta árvore após morder um dos seus frutos numa praia das Caraíbas. O que parecia uma mordida inocente tornou-se num tormento: uma sensação apimentada deu lugar a uma dor de garganta insuportável e dificuldade em engolir. Segundo Strickland, os sintomas duraram horas, sendo ligeiramente aliviados pelo leite, mas agravados pelo consumo de álcool.
Os riscos não se limitam ao fruto. A seiva, a casca e as folhas da árvore contêm compostos altamente tóxicos, como os ésteres de forbol. Estes químicos podem causar desde hemorragias gastrointestinais a inchaços fatais na garganta, que podem requerer entubação, além de irritações cutâneas e lesões oculares graves.
Perigo até na sombra
Mesmo sem contacto direto, a mancenilheira pode representar um perigo significativo. Estar debaixo dela durante a chuva pode ser desastroso, pois as gotículas de água que escorrem pela árvore transportam a sua seiva tóxica. A exposição pode provocar dermatite severa e oftalmite, uma inflamação dolorosa dos olhos.
Um estudo de 2011 relatou um incidente alarmante: um grupo de estudantes, numa ilha das Índias Ocidentais, procurou refúgio debaixo de uma mancenilheira durante uma tempestade. O resultado foi imediato e doloroso, com irritações graves na pele e nos olhos devido à seiva diluída pela água da chuva.
A sedução do perigo
O que torna a mancenilheira ainda mais traiçoeira é a sua aparência comum e atraente. Os frutos têm um cheiro doce e uma aparência convidativa, enganando tanto crianças como adultos. A sombra da árvore, densa e fresca, parece ideal para se proteger do calor tropical, mas é uma armadilha perigosa.
Esta combinação de aparência inofensiva e perigos ocultos faz da mancenilheira um verdadeiro “fruto proibido”, capaz de atrair e ferir aqueles que não conhecem os seus riscos.
Em muitos locais, a mancenilheira está marcada com sinais de aviso, pintada com faixas vermelhas ou acompanhada de placas informativas para alertar os transeuntes. Contudo, em áreas mais remotas ou sem essa sinalização, o desconhecimento pode levar a consequências devastadoras.
A mensagem é clara: o perigo nem sempre está onde esperamos. Num cenário de praias paradisíacas e vegetação exuberante, a mancenilheira é um lembrete de que a natureza, por mais bela que seja, pode ter um lado perigoso e imprevisível.