“Está a aumentar”: cientistas deixam alerta sobre a ameaça de um ‘gigante adormecido’ ambiental que tem sido negligenciado

O sal é vital para a nossa saúde, mas um estudo publicado na revista científica ‘Nature Reviews Earth & Environment’, em outubro último, denunciou que as atividades humanas nos últimos 50 anos têm causado uma “ameaça existencial” à nossa água potável.

De acordo com Sujay Kaushal, geólogo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, indicou que o excesso de íons de sal nos cursos de água, solo e ar é um “gigante adormecido” de problemas.

“Usamos água para tudo, desde o cultivo até o consumo, passando por processos industriais e aquecimento ou arrefecimento” referiu Kaushal. “Mas quando há sal na água, isso afeta todas essas coisas… e está a aumentar.”

“Estamos a salgar a Terra onde ela não deveria ser salgada. Estamos a redistribuir o sal para lugares onde não deveria estar”, acrescentou Bill Hintz, ecologista e professor da Universidade de Toledo.

Embora a agricultura, a mineração e a construção, bem como a irrigação em torno dos lagos salgados contribuam para o desequilíbrio do sal no nosso ambiente, é o sal rodoviário o principal culpado, sendo que responde por 44% de toda a utilização de sal nos Estados Unidos entre 2013 e 2017 – é sobretudo utilizado para o degelo de estradas.

Além de matar a vida selvagem, o sal rodoviário pode penetrar no solo e nos esgotos, forçando partículas de metal a entrar na água potável. Algumas comunidades já começaram a experimentar descongelantes alternativos para mitigar os efeito negativos, mas é necessário muito mais trabalho.

Embora 75% da Terra esteja coberta por água, segundo a Agência de Proteção Ambiental, apenas 3% é água doce.

De acordo com o estudo é necessário identificar “os limites e limiares ambientais para os íons de sal” e que se tomem medidas antes que houvesse “danos graves ou irreversíveis”. “Esta salga nas estradas danifica desnecessariamente estradas e carros, sendo que o escoamento é terrível para o meio ambiente.”