Escassez dos óleos alimentares: “As alternativas estão a ser encontradas” em Portugal, garante Presidente da CAP

Os preços dos óleos alimentares vegetais em Portugal subiram 58% entre janeiro e maio, de acordo com dados da DECO PROTESTE. A disrupção das cadeias de abastecimento mundial fruto da guerra na Ucrânia e a limitação das exportações de grandes produtos fizeram disparar os preços de muitos bens alimentares.

O Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse, esta quarta-feira, dia 11 de maio, que “é necessário encontrar alternativas”, e garantiu que “essas alternativas estão a ser encontradas”.

Eduardo Oliveira e Sousa, em conferência do Conselho Nacional das Confederações Patronais, avançou que em Portugal está a começar-se a utilizar azeite de menor qualidade que não é habitualmente utilizado diretamente na alimentação para substituir os óleos em escassez nos mercados, como os óleos de palma e de girassol. “Pior do que o aumento dos preços”, sublinhou, “é mesmo não haver”, pois isso resultará na “carência de outros produtos, como por exemplo as conservas”, que são a base de refeições mais baratas.

O responsável referiu que “felizmente, nos últimos anos, a produção de azeite em Portugal duplicou, e quase triplicou”. Dessa forma, acredita que com o complemento de “algum óleo que venha de fora, fruto do crescimento de culturas como a do girassol, em Portugal, em Espanha, em França e em Itália”, será possível “aumentar a autoprodução da Europa” e menorizar a escassez dos produtos vindos de origens mais longínquas. Dados do Statista mostram que a Ucrânia e a Rússia são os dois maiores exportadores de óleo de girassol, pelo que a guerra nessa região levou a profundos estrangulamentos dos fluxos de abastecimento dos mercados mundiais.

Mas não é só o novo quadro geopolítico no Leste europeu que tem arrastado para baixo a oferta de óleos vegetais alimentares. Em finais de abril, a Indonésia, o maior exportador de óleo de palma do mundo, decidiu suspender as exportações por tempo indeterminado, o que levou ao aumento expressivo de uma ampla gama de alimentos. A União Europeia surge como o terceiro maior importador deste produto indonésio. Apesar de a Malásia, em segundo lugar na lista dos maiores exportadores de óleo de palma, ter anunciado que estaria a empreender todos os esforços para suprir as faltas geradas pela saída da Indonésia, ainda restam dúvidas sobre a capacidade para preencher esse vazio.

Oliveira e Sousa referiu que “nós temos também que nos adaptar aos efeitos colaterais da guerra, que chegarão a toda a Europa e, em alguns produtos, a todo o mundo”.

Contudo, o Presidente dos Agricultores de Portugal alertou que Portugal tem “um problema grave” de falta de mão de obra para as colheitas de produtos. Afirmando que Portugal tem acordos com países como a Índia, o Nepal e o Bangladesh para a importação de trabalhadores sazonais para suprir as faltas de oferta de mão de obra a nível interno, Eduardo Oliveira e Sousa assegura que a CAP recebeu por parte do novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, a garantia de que o problema estará a ser resolvido.

“A alternativa é a perda de bens alimentares”, alertou o Presidente da CAP. “Se essa perda já não seria entendível numa situação normal, numa situação de guerra é absolutamente incompreensível. E não há alternativa”.

“É um problema que está identificado e que precisa de uma ação imediata por parte do Governo na simplificação dos processos [de importação de mão de obra]. Então, precisamos que essa agilização tenha os seus efeitos”, sublinhou Oliveira e Sousa.

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