Escassez de explicadores agrava-se em plena época de exames nacionais: mais de metade dos pedidos ficam sem resposta

Com os exames nacionais já em curso – o período de realização das provas da primeira fase arrancou hoje -, alunos e encarregados de educação enfrentam um desafio adicional: a dificuldade em encontrar explicadores disponíveis para apoio escolar num momento decisivo do ano letivo. De acordo com dados divulgados pela plataforma Fixando, em comunicado, 54% dos pedidos de explicações realizados no último mês não obtiveram qualquer resposta. Este número representa um agravamento face aos 48% registados no mesmo período do ano passado.

Segundo a análise da Fixando — plataforma líder na contratação online de serviços em Portugal —, apesar de a procura ter aumentado ligeiramente (mais 0,5% face a 2024), a capacidade de resposta dos explicadores diminuiu. Em termos práticos, a plataforma registou uma quebra de 8 pontos percentuais na taxa de resposta, refletindo a dificuldade crescente em assegurar apoio aos alunos durante a fase dos exames.

Grande parte dos explicadores são professores no ativo que, devido ao cansaço acumulado e à sobrecarga de trabalho nesta altura do ano, acabam por rejeitar novos pedidos. Para além disso, a plataforma sublinha que o elevado número de aposentações no último ano letivo — 3.981 docentes do ensino básico, secundário e de infância, o valor mais alto da última década — pode estar a contribuir para o problema.

Este cenário ocorre num contexto mais alargado de escassez de professores no sistema de ensino público. A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) recorda que cerca de 24 mil alunos concluíram o ano letivo sem professor em pelo menos uma disciplina.

As áreas mais procuradas e onde faltam explicadores
Os pedidos mais frequentes registados na Fixando referem-se a:

  • Explicações de várias disciplinas (47%)
  • Preparação para exames nacionais (13%)
  • Explicações de Matemática (10%)
  • Explicações de Português (6%)
  • Explicações de Economia (4%)

As maiores carências de explicadores verificam-se em áreas como:

  • Desenho A
  • Alemão
  • Italiano
  • Francês
  • Ciências
  • Matemática do 1.º ciclo
  • Aconselhamento para admissão ao ensino superior

Preço por hora sobe 14,29% face ao ano passado
A pressão sobre os explicadores disponíveis está também a refletir-se no preço das explicações. Segundo a Fixando, o preço médio por hora subiu de 14 para 16 euros, um aumento de 14,29% face ao valor praticado há um ano.

No comunicado, a Fixando sublinha que “este cenário evidencia a necessidade urgente de reforço estrutural no sistema educativo e da valorização dos profissionais de ensino, ao mesmo tempo que demonstra a importância crescente de soluções digitais que aproximem alunos e explicadores”.

Num ano letivo marcado por dificuldades no recrutamento de professores e agora pela escassez de explicadores, as famílias enfrentam obstáculos adicionais para garantir o sucesso dos alunos numa fase crucial do percurso escolar.