Ensaio Mazda CX-80: na tradição de bons automóveis

A MAZDA tem sido desde sempre associada em Portugal muito ao sucesso do MX5 – o eterno e mais famoso roadster do mundo. Mas diz-nos a história que ela sempre soube construir bons automóveis mesmo não sendo uma campeã de vendas.

Sabemos também que constrói bons automóveis de qualidade e sobretudo fiáveis. Em todos os modelos que conduzi da marca sobressai o trabalho dos engenheiros da marca que conseguem o compromisso entre conforto eficácia e comportamento.

O modelo ensaiado é o irmão mais velho do CX-60 e, por isso, recebe dele todas as qualidades do mesmo, a que se acrescenta o maior comprimento que atinge os 5 metros. Visualmente é, por isso, muito similar ao CX-60, mas neste modelo ainda mais portentoso principalmente pelas suas dimensões, onde sobressaem os grupos óticos esguios e colocados nas extremidades com o destaque para a grelha central em cor negra. Na traseira a marca optou por uma assinatura luminosa com faróis redondos (recordam-me o MX5) e o filete luminoso até meio da porta da bagageira.

Dizer que o modelo é atrativo depende muito de quem o analisa mas diria que sobressai a robustez, uma estética bem conseguida e um produto que “no papel” parece bem construído. O interior mantém o tradicional desenho da marca com o tablier com bons materiais, um painel de instrumentos totalmente digital e parametrizável e a não adesão da marca aos botões digitais – e ao que parece será valorizado nos futuros testes Euroncap – pelo que encontramos aqui os habituais dois do aquecimento dos bancos, do ar condicionado, dos três modos de condução (normal, sport e off-road), além dos botões para o AC e para controlar algumas funções do painel central – este bem colocado visualmente mas de pequenas dimensões (o que não significa o que não é um defeito).

Como todos os MAZDA a ergonomia e usabilidade encontra-se num bom patamar e a posição de condução é muito bem conseguida. Podemos optar por sete ou seis lugares, sendo que, na versão de ensaio tínhamos os primeiros, onde é possível viajar na terceira fila com algum conforto mesmo que tenhamos perto de 1.80cm

É pois com este cenário que damos início ao ensaio dinâmico com o motor 3.3l com cerca de 257 cavalos e caixa automática de oito relações com patilhas no volante. O motor faz-se ouvir mas a insonorização está bem conseguida  – mesmo na ausência de vibrações – e o que se nota no ensaio é que se trata de um modelo talhado para a estrada, para grandes viagens. Não que tenha algum constrangimento na cidade mas as suas enormes dimensões, por vezes, não se coadunam com algumas estradas nacionais e mesmo com muitos parques de estacionamento.

Trata-se de um modelo confortável mas sobretudo mantém muito da tradição da MAZDA onde o comportamento dinâmico sobressai com uma suspensão muito confortável mas que não compromete a dinâmica e o comportamento dinâmico, ou seja, conseguimos em estradas mais sinuosas ter uma direção direta e um acompanhamento do chassis muito responsivo, o que não significa que não tenhamos de ter atenção às grandes dimensões de mo CX-80 e ao centro de gravidade mais elevado.

Pelo facto de ter tração às quatro rodas o seu comportamento é também bastante mais reativo sendo possível exagerar em várias situações sem que, com isso, possamos apanhar algum dissabor.

Em resumo, a marca volta a conseguir construir um bom automóvel com preços que variam entre os 63 e os €90.000 com o handicap deser considerado classe dois nas portagens o que pode ser impeditivo de um bom sucesso comercial.

Como nota de rodapé referir os consumos. Existe um modelo PHEV e este a gasóleo, onde os consumos da marca apontavam para o máximo de 5,7l. Em autoestrada e cumprindo a velocidade máxima estipulada consegui uns modestos 6,3l o que diz bem do know-how da marca na construção de motores eficazes e eficientes