Educação: Provas de Monitorização da Aprendizagem do 1.º e 2.º ciclos terminam hoje

Esta sexta-feira assinala o fim das provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA) para os alunos do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico. As provas, que decorreram ao longo de três semanas, substituíram as antigas provas de aferição e foram aplicadas a estudantes dos 4.º e 6.º anos. No entanto, o processo foi marcado por fortes críticas da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que denuncia falhas estruturais e desigualdades no acesso ao ensino.

As provas ModA arrancaram a 19 de maio com a disciplina de Português, tendo posteriormente abrangido Inglês, História e Geografia de Portugal, Matemática, Estudo do Meio e Ciências Naturais. Esta última semana, que termina hoje, incluiu as provas de Matemática e Estudo do Meio no 4.º ano e Matemática e Ciências Naturais no 6.º ano.

Apesar do encerramento do processo avaliativo, a Fenprof mantém uma posição crítica relativamente à forma como as provas foram planeadas e executadas. Num comunicado divulgado esta segunda-feira, 3 de junho, a maior federação sindical dos professores em Portugal voltou a alertar para o facto de muitos alunos estarem a ser avaliados sobre conteúdos que não aprenderam.

“Muitos alunos estão a ser avaliados em provas nacionais sobre conteúdos que ainda não aprenderam, porque as aulas ainda decorrem ou porque passaram o ano sem professor”, denuncia a Fenprof. O caso é particularmente grave no 4.º ano, onde a disciplina de Inglês foi, segundo o sindicato, uma das mais afetadas pela falta crónica de docentes.

De acordo com a federação, há estudantes que realizaram as provas sem nunca terem tido aulas regulares de Inglês. “Muitos alunos estão a ser sujeitos a estas provas sem nunca terem tido aulas regulares de Inglês, devido à crónica falta de professores nesta disciplina ao longo do ano letivo”, sublinha a organização sindical.

Além disso, a Fenprof denuncia que, para permitir a realização das provas, foi necessário suspender as aulas de Inglês do 1.º ciclo durante três semanas, situação que também afetou algumas turmas de outros ciclos. O destacamento de docentes para aplicar os testes levou, segundo a Fenprof, à interrupção de aprendizagens em curso, agravando ainda mais as desigualdades.

A Fenprof acrescenta que o processo ficou ainda marcado por problemas técnicos com computadores e redes informáticas, bem como por uma sobrecarga de trabalho dos docentes, que se viram confrontados com tarefas adicionais e, muitas vezes, sem os recursos adequados.

Em protesto contra estas condições, o sindicato convocou uma greve às tarefas associadas às provas ModA, que se tem intensificado ao longo das semanas. A adesão tem sido especialmente visível em concelhos como Lisboa, Amadora, Oeiras e Sintra, onde, segundo a Fenprof, o número de professores em greve tem vindo a aumentar.

A federação também aponta o facto de as provas decorrerem enquanto o ano letivo ainda está em curso. “É inaceitável que se imponham avaliações nacionais quando o processo de ensino-aprendizagem ainda não terminou”, criticou a Fenprof, reforçando que os alunos dos 1.º e 2.º ciclos só terminam as atividades letivas a 27 de junho, sendo portanto impossível garantir que todos os conteúdos foram trabalhados atempadamente.