“É tempo dos moderados”: patrões apelam a entendimento entre AD e PS para garantir estabilidade
A CIP apelou, esta quarta-feira, a um entendimento entre a AD e o Partido Socialista para garantir estabilidade política. Em declarações ao ‘Diário de Notícias’, Armindo Monteiro, presidente da Confederação Industrial Portuguesa, indicou que agora é o “tempo dos moderados”.
“A decisão deve ser entre moderados. Em termos de pontos em comum, de projeto europeu, de uma economia de mercado com preocupação social, a AD e o PS estão mais sintonizados entre si do que com outros partidos”, sublinhou o responsável, que incluiu a Iniciativa Liberal no grupo dos moderados, de quem espera que assegurem “estabilidade e previsibilidade” a Portugal para assim ser possível fazer reformas para tornar possível “um choque de produtividade”.
“Portugal precisa que as forças políticas moderadas, responsáveis e comprometidas assumam as suas responsabilidades. Pois são essas forças políticas que melhor podem, devem e sabem separar o seu interesse partidário daquilo que é o basilar, fundamental e preponderante interesse nacional. Exige-se às lideranças partidárias critério, sensatez, ponderação, compromisso, discernimento”, apontou Armindo Monteiro, garantindo que a CIP ouviu as propostas económicas dos partidos políticos, com exceção do Chega. “Temos todo o interesse em conhecer essas propostas”, frisou.
Já a AEP reforçou a mensagem. “O importante é a necessidade de estabilidade política no país”, referiu Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal. “Num contexto externo particularmente adverso, apenas com um cenário político estável será possível implementar medidas capazes de assegurar a robustez económica que Portugal precisa”, acrescentou, sublinhando que os atores políticos devem “assegurar a estabilidade governativa por forma a que seja possível implementar as reformas que o país tanto necessita”.
“Apesar de os resultados preliminares destas eleições não configurarem um cenário ideal de estabilidade, a AEP apela às forças políticas para a convergência numa solução governativa capaz de assegurar previsibilidade às empresas e investidores, bem como a execução dos Fundos Europeu”, indicou.
Também Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), desejou “que o país possa vir a ter estabilidade governativa, com um governo para os próximos quatro anos”.
Por último, Nuno Amado, chairman do Millennium bcp e vice-presidente da Business Roundtable Portugal, que garantiu que “incerteza não é amiga do investimento e do crescimento”, embora apontando que não é apenas de estabilidade que precisa o país. “Precisa também de fazer reformas no enquadramento em que temos vivido ao longo de muitos anos.”
“Mais importante de saber já quem vota contra e quem se abstém nos próximos orçamentos é, havendo estabilidade governativa como seguramente vai existir, haver uma saudável mas intensa oposição democrática, em simultâneo com a capacidade para efetuar acordos amplos entre Governo e oposição para alterar condicionantes estruturais que têm sido, há dezenas de anos, barreiras ao desenvolvimento e ao bem-estar dos Portugueses”, defendeu Nuno Amado. “A capacidade de haver uma oposição ativa com a de ter convergências construtivas na revisão do sistema deve ser a prioridade. O voto popular também teve este sentido. O de mudança, o de fazer evoluir a nossa sociedade e não o de a manter estagnada.”