“É o momento certo para [o BCE] continuar a limitar as condições monetárias”, alerta Diretor de Investimentos da AllianzGI

Estamos a apenas um dia de mais uma reunião de política monetária do Banco Central Europeu, e os especialistas apontam os possíveis caminhos que o regulador poderá tomar no combate à inflação, alertando, no entanto, que esta ainda se encontra demasiado elevada.

“O Banco Central Europeu (BCE) pode ter desligado o piloto automático, mas a inflação continua elevada, pelo que ainda esperamos outro aumento das taxas de juro na sua reunião de setembro. Não parece que os mercados estejam preparados – um aumento dos juros pode levar a novos aumentos nas yields das obrigações”, alerta Franck Dixmier, Diretor Global de Investimentos em Obrigações, Allianz Global Investors (AllianzGI).

O BCE já aumentou os juros num total de 425 pontos-base (p.b.) desde julho de 2022, e tem duas opções: pausar ou continuar a limitar as condições monetárias.

Anteriormente os investidores ainda conseguiam obter insights sobre a política monetária futura através da análise da orientação futura do banco, no entanto, as perspetivas incertas estão a fazer com que as decisões sejam tomadas “reunião a reunião”.

E essa tomada de decisão é assente em vários fatores, entre eles a inflação subjacente que ainda é demasiado elevada, situando-se em agosto nos 5,3%  em termos homólogos, e também as expetativas para a inflação a médio prazo. “As previsões de crescimento e inflação serão anunciadas na reunião de Setembro, mas esperamos uma revisão em alta das perspetivas de inflação, que deverá incorporar a recente subida nos preços do petróleo”, explica.

Franck Dixmier considera ainda que a política monetária está a funcionar e os dados de atividade publicados este verão confirmaram a tendência de abrandamento da economia da zona euro, com o PMI dos Serviços de agosto a situar-se em 47,9, juntando-se ao PMI da Indústria (43,5), que se contrai pela primeira vez em 2023 . O crédito é menos dinâmico, tanto para as famílias (+1,3% em julho a um ano, face aos +1,7% em junho) como para as empresas (+2,2% em julho, a um ano, face aos +3% em junho) .

“Contudo, acreditamos que esta desaceleração do crescimento na zona euro ainda não é suficientemente preocupante para justificar uma pausa, enquanto os níveis de inflação ainda estão longe da meta do BCE”, refere.

Assim, o especialista acredita que “é o momento certo para continuar a limitar as condições monetárias, e espera-se que a Presidente do BCE, Christine Lagarde, anuncie um aumento de 25 p.b. na reunião de setembro”.