
Documentos do visto de Prince Harry nos EUA divulgados… mas com informação censurada devido a receios de assédio
Os documentos relativos ao visto de Prince Harry nos Estados Unidos foram divulgados com informação fortemente censurada, mantendo-se confidencial o seu “estatuto exato” por receio de que pudesse ser alvo de assédio. A decisão foi tomada pelo juiz Carl Nichols, na sequência de um pedido de acesso público apresentado pela Heritage Foundation, um think tank conservador norte-americano.
A Heritage Foundation solicitou o acesso aos documentos, alegando que o Duque de Sussex poderia ter ocultado o seu histórico de consumo de drogas quando se candidatou ao visto. No livro de memórias “Spare”, Harry admitiu ter usado substâncias ilegais, o que poderia, em teoria, ter comprometido a sua admissão nos EUA. Os formulários de candidatura a um visto para os Estados Unidos incluem questões sobre consumo de drogas passadas e presentes, sendo que uma resposta afirmativa pode resultar na rejeição do pedido, embora a decisão final fique ao critério dos oficiais de imigração.
Contudo, o tribunal decidiu que não havia interesse público suficiente para justificar a divulgação integral dos documentos. Segundo os documentos agora acessíveis, “revelar o estatuto exacto [de Prince Harry] poderia expô-lo a danos previsíveis sob a forma de assédio e contactos indesejados por parte dos media e outros”. O tribunal acrescentou que “existem interesses significativos de privacidade associados aos registos”, concluindo que os queixosos não conseguiram estabelecer um interesse público que justificasse a divulgação.
Os queixosos argumentaram ainda que os registos deviam ser tornados públicos para determinar se Harry recebeu tratamento preferencial ao candidatar-se ao visto. No entanto, o tribunal rejeitou essa linha de argumentação, referindo que “a especulação dos requerentes não aponta para qualquer evidência de irregularidades por parte do governo”.
O histórico de consumo de drogas de Prince Harry
Nas suas memórias, Harry revelou que experimentou cocaína pela primeira vez aos 17 anos: “Na casa de alguém, durante um fim de semana de caça, ofereceram-me uma linha, e fiz mais algumas depois disso. Não foi particularmente divertido, nem me fez sentir feliz como parecia fazer aos outros, mas fez-me sentir diferente – e esse era o objectivo principal”.
O príncipe também descreveu o seu consumo de marijuana durante os tempos de estudante em Eton, recordando-se de fumar com amigos numa casa de banho e depois assistir à série “Family Guy” enquanto riam descontroladamente. Noutro trecho, descreve um momento de conexão com uma raposa enquanto estava sob o efeito da droga: “Talvez tenha sido a erva – sem dúvida foi a erva – mas senti uma ligação poderosa com aquela raposa”.
Para além disso, Prince Harry mencionou ter tido uma “viagem maravilhosa” com cogumelos alucinógenos numa festa em casa da actriz Courteney Cox, em Los Angeles. Após consumir os cogumelos, teve uma alucinação peculiar no WC: “Olhei para o caixote do lixo de pedal e vi uma cabeça. Pisei o pedal e a cabeça abriu a boca, com um enorme sorriso. Ri-me”.
Harry e Meghan Markle mudaram-se para a Califórnia em 2020, depois de um curto período no Canadá, na sequência da sua decisão de se afastarem da vida oficial da realeza britânica. Desde então, têm mantido uma vida mais reservada nos EUA, onde residem com os seus dois filhos.
A divulgação dos documentos censurados ocorre num contexto de crescente escrutínio público e mediático sobre a situação legal de Harry nos EUA. Apesar do debate sobre a possibilidade de um tratamento preferencial, até ao momento não há provas concretas de qualquer irregularidade no seu processo de imigração.