Do “panic-sell” à queda na Bolsa de Lisboa: Como reagiram os mercados à demissão de António Costa?
Oito anos depois de liderar os destinos de Portugal, o Primeiro-Ministro, António Costa, apresentou a sua demissão após a PSP ter realizado buscas em São Bento e de o Ministério Público ter anunciado que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
A decisão foi aceite pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que garantiu que o Orçamento do Estado para 2024 irá a votação final independentemente do sucedido. Mas como reagiram os mercados a todo este alvoroço político?
“A decisão inesperada de António Costa ao demitir-se teve impacto nos mercados de capitais, algo não muito comum, uma vez que a bolsa portuguesa tende a reagir muito pouco à esfera política nacional”, afirmou à Executive Digest, Henrique Tomé, analista da XTB.
O especialista explicou que os escândalos de corrupção e o risco de instabilidade política no país fizeram com que os investidores de retalho entrassem em “panic sell” após as notícias que davam conta da demissão do primeiro-ministro, uma vez que nos encontramos numa situação de aprovação do orçamento de estado.
“O país vai entrar em eleições antecipadas, mas não se espera que os resultados das eleições possam ter grande impacto na bolsa portuguesa”, sublinha.
Henrique Tomé destaca ainda que, nos mercados, após o sell-off, a bolsa portuguesa tem estabilizado. “As últimas 2 sessões têm sido marcadas por ganhos moderados, com os compradores a tentarem recuperar parte das perdas, e as empresas mais afetadas a recuperarem quase as suas quedas iniciais”, explica.
Já no mercado secundário de dívida, apesar de toda a volatilidade registada nos últimos dias, as yields tiveram um “comportamento oposto ao que se poderia esperar”, com s yields de referência a 10 anos a continuarem a recuar e, pelo menos para já, “afastam o cenário de perda de credibilidade do país nos mercados internacionais, o que poderia ter um impacto negativo nos juros da dívida portuguesa”.
Recorde-se que no dia do anúncio da demissão do Primeiro-Ministro, António Costa, no passado dia 7 de novembro, a bolsa de Lisboa seguia com uma queda acentuada de quase 3% no índice PSI.
Por volta das 15h desse dia, o índice de referência da bolsa de Lisboa descia 2,99% para 6.198,18 pontos, com todas as cotadas no ‘vermelho’ e a Mota-Engil a liderar as descidas, perdendo 8,74%. Nas maiores descidas seguiam também a EDP Renováveis, que baixava 5,43% e a Galp, que recuava 4,39%.